Sejamos todos blogueiros

Vi a moda nascendo em alguns tuítes e espero que pegue: a blogueira Daniela Lima, a blogueira Natuza Nery e assim por diante. Afinal, nada mais justo que devolver o tratamento que eles dão a muitos de seus colegas de profissão e chamar os defensores do lulopetismo de blogueiros também.

Pegue o exemplo do Allan dos Santos. O cidadão é formado em jornalismo e tinha uma empresa de comunicação com dezenas de funcionários. Tudo funcionava através do Youtube, mas gente tão gabaritada e famosa quanto o Tucker Carlson trabalha assim hoje em dia. Ele não deveria ser um jornalista?

Mas Allan é invariavelmente chamado de youtuber ou blogueiro em nossos jornalões. Ele, o Rodrigo Constantino e tantos outros em situação similar. Por quê? Bem, talvez porque esta seja uma maneira dos oficialistas fingirem (para si mesmos) que não apoiam a censura, exceto a de alguns desqualificados que não estão à sua altura.

Lembre-se que o Ex-tadão, que defende o PL da Censura, toda hora lança um editorial a favor da sacrossanta "liberdade de imprensa", mas nunca a favor da "liberdade de expressão". É como se jornalistas (eles) fossem seres especiais, com direitos que pessoas comuns (nós, blogueiros incluso) não devem ter.

No entanto, qual é a diferença? O tamanho da empresa não pode ser, pois sempre existiram pequenos jornais do interior, em geral menores que a antiga empresa do Allan, e jornalistas independentes. Pelo critério de onde o sujeito trabalha só seria médico quem exercesse a profissão no Einstein ou no Sírio-Libanês.

O divisor de águas seria a responsabilidade profissional? Jornalistas seriam pessoas sérias que procuram ouvir os dois lados de uma questão para contar o que está acontecendo de maneira imparcial, enquanto blogueiros seriam sujeitos potencialmente parciais que escrevem sobre o que bem entendem?

Acho que é mais por aí. Como blogueiro eu posso falar do que bem entendo do jeito que me dá na cabeça, sem nenhuma obrigação de ser imparcial. E esse é o ponto: as Danielas e Natuzas da vida fazem exatamente a mesma coisa. Devem ter cursado uma faculdade de jornalismo, mas não são jornalistas. São blogueiras.

A moda está certa, tomara que pegue.

Ética

Eu sou blogueiro, mas não fico com um celular na mão inventando que tem um ministro me dando informação. Sou blogueiro, mas não minto que não estão parando caminhões na estrada. Sou blogueiro, mas jamais diria que a mãe será presa por matar (abortar) o bebê e o pai estuprador depois o adotará.

Resolvida a questão principal e definido que somos todos blogueiros, acho que está mais do que na hora de criarmos um código de ética para a atividade. Nós, blogueiros honestos, não podemos mais ser confundidos com esses elementos perniciosos que desmoralizam a nossa atividade.