Não aprendi dizer adeus

Peço desculpas à Fernanda Alves, de O Globo, mas o título do artigo dela foi colírio para os meus olhos e música para os meus ouvidos. Com a melodia completa, então, melhor ainda. Veja só que lindeza: Não aprendi dizer adeus: ligados a Bolsonaro a ao agro, sertanejos seguem distantes de Lule.

E o que vem logo depois? Pura poesia: Segmento reagiu mal a proposta de senador Jorge Kajuru de um encontro da classe com o chefe do Executivo. Sim, não foi um boi, os sertanejos acima não são aquele plural de dois ou três do Esgotão, foi o "segmento", a boiada toda, que se recusou a tomar cerveja quente com mulher feia.

Claro que, trabalhando onde trabalha, a Fernanda não poderia deixar de negar algumas evidências. A principal é que o maior interessado no "pensa em mim, liga pra mim" não teve nada a ver com o assunto. Ao contrário, a ideia foi do Kajuru e o Planalto nem se interessou muito por ela.

Vai ver que Lule já está muito ocupado com os artistas com quem tem contatos mais estreitos, pois o artigo salienta sua amizade os mais voltados para o universo das cidades grandes e a MBP. Em dezembro, por exemplo, ele jantou com Chico Buarque, Maria Bethânia e Caetano Veloso. Uau!

Em termos de público, azar o dele. Como eu digo, o jovem de hoje é capaz de perguntar em que time jogou esse Chico Buarque. Como diz Fernanda, quem faz sucesso e tem ouvinte é o sertanejo. Sete dos dez artistas mais ouvidos na década e nove das dez músicas mais tocadas no último semestre são do setor.

Pra melhorar, só voltando ao título. Os sertanejos estão ligados ao agro, que toca a locomotiva do Brasil e gera quase 30% dos empregos do país. E o agro e eles estão ligados a Bolsonaro. Entendeu, Kajuru? Além de não ser vagabundo nem delinquente, o pessoal não gosta de quem é.

O que eles diziam mentiam uma semana atrás

Milei

Agora deu para entender porque o assunto da reunião com os sertanejos sumiu da mídia. Outro que foi lá para o cantinho é o da resposta à declaração do Milei sobre o "corrupto e comunista". Exigiram desculpas, disseram que iam tirar embaixador do país e fazer retaliação econômica, mas acabaram quietinhos.

O presidente argentino respondeu que não precisava se desculpar por dizer a verdade e hoje está em Santa Catarina, lixando-se para os petistas que agora mandam a imprensa amiga soltar notinhas dizendo que estão acompanhando o comportamento do libertário com serenidade. Devem estar chutando o cachorro e se mordendo de raiva.