segunda-feira, 15 de julho de 2024

O silêncio dos escoteiros

O escoteiro que pega a mão da velhinha que esperava o táxi na calçada e a arrasta para o outro lado da rua; essa é, na mais otimista das hipóteses, a definição para esse pessoal que quer salvar o mundo da "desinformação", termo que aos poucos vai substituindo o desgastado "fake news".

Quem está pedindo para ser des-desinformado? Quem não sabe que as pessoas podem deturpar informações, sonegar fatos, inventar outros, mentir abertamente? Quem quer que alguém decida por ele o que é verdadeiro ou falso?

Bem, alguns poucos querem, nós já vimos casos assim por aqui. Mas esses são justamente os mais manipuláveis, o gado que necessita que alguma "autoridade" lhe diga o que pensar. As pessoas normais não se importam que alguém lhes conte que algo pode ser falso, mas preferem decidir por si mesmas.

Nesse sentido, até agora não surgiu nada melhor que as "notas da comunidade" do X. Um grupo pode se juntar para criar uma nota mentirosa? Talvez possa, mas é você que decide se vai levá-la em conta. O sistema tem duas bases: muita gente deve concordar que algo é falso e o usuário tem a palavra final.

O problema com os alegados inimigos da desinformação é que eles defendem exatamente o contrário: poucos "especialistas" devem decidir o que é mentira ou verdade e os usuários devem ser obrigados a acatar suas opiniões. Se eles disserem que é para atravessar a rua, quem é a velhinha para discordar?

E esses escoteiros que nada têm de inocentes e querem nos silenciar estão aí de novo, com notícia do TSE, matéria internacional no Ex-tadão e coluna de O Globo assinada por Natália Pasternak, a "cientista" que está passando da área das vacinas para a da informação. Não vi o Átila Iamarino, acho que o Pablo Ortemlado pegou a vaga dele.

Lá vamos nós de novo. Haja saco pra aguentar esse pessoal.

Façam o que eu digo

Não é estranho que seja a imprensa, teoricamente defensora da liberdade, que se preste ao papel de defender esses modelos antidemocráticos de "combate à desinformação"? Será que nossos jornalões não percebem que desse modo só se queimam junto à grande maioria do público capaz de pensar?

Acho que um pouco sim, mas outro tanto não. A situação antiga lhes era tão confortável que eles não conseguem concebê-la como inadequada. Eles podiam se reunir ao redor de uma mesa e decidir o que seria noticiado sem que ninguém os contestasse. Todos eram felizes assim. Por que com as redes deveria ser diferente?

Eles se consideram donos do negócio da informação, detentores de direitos antigos que bárbaros recém chegados querem lhes usurpar, nobres que não precisam dar explicações a ninguém.

Não fosse assim, perceberiam que sua chance de obter o respeito que pensam lhe ser devido estaria em evitar a própria desinformação antes de criticar a de outros. Mas nunca admitem seus erros e sua parcialidade. Aí fica mesmo difícil, resta só defender a censura e jogar o resto da credibilidade no lixo.


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