sábado, 6 de julho de 2024

A mudança pode ser a próxima

A onda de direita que varre a Europa foi contida e a esquerda venceu de lavada justamente no Reino Unido, que abandonou a União Europeia? É o que parece quando se considera a nova distribuição do seu parlamento, pois o Partido Trabalhista conquistou 412 das 650 cadeiras enquanto o Partido Conservador levou apenas 121.

Parece também que o primeiro-ministro derrotado, Rishi Sunak, estava equivocado ao acusar o Reform UK de dividir o eleitorado direitista e ajudar a esquerda a vencer, pois o partido do "radical" Nigel Farage só obteve 5 cadeiras (as primeiras de sua história). Mas nem sempre o que parece é.

O voto no Reino Unido é distrital e não há segundo turno, quem ficar na frente leva, ainda que com baixa votação. E quando se considera o percentual total de votos é possível que o Sunak tenha razão, pois veja como fica o desempenho dos três partidos citados:

Trabalhista - 412 cadeiras - 33,8% dos votos.

Conservador - 121 cadeiras - 23,7% dos votos.

Reform UK - 5 cadeiras - 14,3% dos votos.

Como foram os outros

Outro que se deu bem foi o Partido Liberal Democrata, que passou de 15 para 71 cadeiras com apenas 12,2% dos votos. E quem se deu mal foi o Partido Nacional Escocês, que caiu de 43 cadeiras para 9 em função do bom desempenho trabalhista na Escócia. O Partido Verde conseguiu se concentrar em alguns distritos e levou 4 cadeiras com 6,8% dos votos. E as outras 28 cadeiras se dividiram entre partidos como o do País de Gales, Unionista do Ulster, Sinn Fein e outros. Para quem quiser mais informações, a fonte destas está aqui.

O que vem por aí

Em termos de votos totais, o Conservador e o Reform tiveram, somados, mais votos que o Partido Trabalhista. E este sabe disso, tanto que o novo primeiro-ministro Keir Starmer já declarou que vai governar para todos e suas prometidas mudanças não serão como ligar ou desligar um interruptor, mas aos pouquinhos.

O próprio aspecto insípido do Keir passa uma mensagem. Ele representa o grupo que barrou a turma do radical Jeremy Corbyn e levou os trabalhistas para um centro em que eles pouco se distinguem dos conservadores. Sua vitória não foi ideológica, mas a de quem promete "mais UPAs", melhorias na saúde, no ensino e coisa e tal.

A questão é como o Partido Conservador reagirá. Se contentará em prometer mais UPAs e correr o risco de virar uma sombra do que foi? Continuará namorando o globalismo woke como fez com o Sunak ou virá mais para a direita para não acabar engolido pelo Reform que levou quase 40% dos votos que teoricamente teriam sido seus?

Muita coisa depende do desempenho dos trabalhistas, é evidente. Mas quem se beneficiará se eles, agora com a faca e o queijo na mão, não conseguirem atender às expectativas que criaram? O pessoal voltaria a votar nos conservadores ou pensaria em algo diferente dos dois?

Com o Reform ou com algo parecido, a verdadeira mudança pode estar vindo na próxima eleição.


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