Pode ser que inventem outra e dê certo, mas a versão inicial do Plano Janja falhou. Eles tentaram vendê-la como a brasileira comum que pode estar um pouco deslumbrada com a chegada ao poder e o cartão sem limite de crédito (quem não ficaria?), mas continua divertida e espontânea como sempre foi. Só que não rolou.
Escalaram-na para substituir o marido num evento do Sul contando que a respeitariam por ser mulher, mas um grupo formado apenas por mulheres de direita deu-lhe as merecidas vaias e a estratégia morreu ali. Depois vieram o exagero exagerado nos gastos, as marmitas no avião e outras mil coisinhas que não caíram tão bem.
Decidiram esconder um pouco a figura, só não digo que não há como recuperá-la porque essa gente já conseguiu promover e eleger uma imbecil arrogante como a Dilma. E o interessante é que a esquerda, que se diz defensora das mulheres e ainda é bem votada entre elas, não tenha hoje outras possíveis candidatas a estrela.
De Damares a Michelle, mas não se limitando a elas, a direita brasileira tem. A argentina também, Milei sempre esteve cercado por mulheres, mesmo considerando que Bullrich é uma aliada de ocasião, é questão de tempo até algumas se destacarem a ponto de serem vistas como alternativa de poder.
Na Europa, Georgia Meloni vai muito bem e Marine Le Pen está chegando onde seu pai nunca chegou. E o eleitorado feminino vai junto, 30% das francesas votaram na "ultradireita" na recente eleição para o Parlamento Europeu, um número considerável contra os 19% de cinco anos atrás. E o mesmo acontece em outros países.
Embora ambas sejam imagens que nem sempre correspondem à realidade, parece que o blend entre a dureza das propostas mais à direita e a suavidade feminina agrada ao paladar do eleitor. Falta talvez testar isso nos EUA, onde, ao que saibamos, ainda é só a esquerda que tem nomes femininos fortes como a vice do Biden e a esposa do Obama.
A musa reclama
Escrevendo sob o mesmo tema de outro ângulo, Nina Lemos reclama que a ultradireita está sequestrando bandeiras da esquerda ao se apresentar como defensora das mulheres contra os imigrantes que obrigam as suas a usarem burcas e querem estuprar as dos países que os recebem.
A história da burca ela diz que é uma hipocrisia dos direitistas conservadores, mas reconhece que os caras encostaram a esquerda na parede. A do estupro ela diz que é mentira e sai desfiando estatísticas de alguns países para tentar provar que ainda são os europeus nativos que mais agridem mulheres.
O único problema é que ela acaba citando apenas números de mulheres assassinadas por seus parceiros, sem nada dizer sobre os de agressões sexuais (que realmente aumentam com a presença de imigrantes) e sem mencionar o incômodo psicológico causado pelo simples receio de sofrê-las.
Sentindo-se na obrigação de colocar tanto "mulheres" como "imigrantes" na categoria de vítimas da sociedade, Nina cai na armadilha que a esquerda inventou para si mesma e não consegue se posicionar com clareza sobre o problema real. A direita consegue, essa é a diferença.
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