Cada distrito eleitoral francês elege um deputado. Em 76 dos 577 distritos, alguém teve mais que 50% dos votos e se elegeu no primeiro turno. Em 190 haverá segundo turno entre dois candidatos que atingiram a votação mínima. E nos restantes 311 a disputa seria entre três (excepcionalmente quatro) candidatos.
Seria porque em 222 desses distritos valeu o acordo da turma do Macron com a extrema esquerda pelo voto útil: quem teve menos votos renuncia para que seu eleitor vote no outro e possa derrotar a megaultradireita da Marine Le Pen. Tudo certinho, tudo bonitinho, só faltou combinar com o russo-eleitor.
Os macronistas passaram a eleição dizendo que a extrema esquerda era tão danosa quanto a direita. Juntar-se agora com ela parece coisa do Alckmin se abraçando a quem queria voltar à cena do crime. Seu antigo eleitor o acompanhará ou concluirá que é melhor a direita que a esquerda? Ou ficará em casa?
Nem o voto inverso é muito certo, pois a extrema esquerda também abomina o macronismo e está mais próxima da direita em temas como a guerra da Ucrânia. Seu eleitor no primeiro turno pode preferir acabar de vez com o murismo do centro. Ou pode decidir que é melhor ficar vendo TV.
Além disso, o voto é distrital e cada distrito tem uma média de pouco mais de 100 mil habitantes, os eleitores conhecem os políticos em quem estão votando, em muitos casos pessoalmente. E aí podem valer mais as simpatias e antipatias que ele angariou ao longo da vida do que a posição ideológica do candidato.
Acho que os políticos em geral adoram pensar que são donos dos votos que receberam e podem negociá-los como quiserem. Gostam tanto que se recusam a pensar que a verdade pode ser diferente. Mas... Aqui o tucanismo foi pra esquerda e acabou, será mesmo a Le Pen o Bolsonaro de lá?
Russos americanos
Na parte mais esquerda dos EUA também, está cheio de gente determinando o que os russos devem fazer. Até dias atrás, bastava eles votarem no velhinho. Hoje, no entanto, essa é apenas uma de várias opções. E entre as demais, nossos enviados para lá parecem já ter tomado sua decisão.
Primeiro foi a tia que vive em Nova York desde 1875, depois o Gu da Chácara. Ambos passaram anos agarrados às bolas do Uncle Paul, mas repentinamente descobriram que o nome certo sempre esteve na sala ao lado. Kamala Harris precisou ser escondida para não queimar o titular, mas desta vez empolgará o eleitor.
Falta só os russos concordarem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário