domingo, 9 de junho de 2024

Sinalização de virtude

"Isso é uma causa que eu estou querendo puxar. Eu não fico em um discurso vazio. Acho que a gente tem que ser consequente nos discursos. Só assim vamos conseguir avançar e começar a mudar a cara da sociedade brasileira."

A gente não é qualquer um, é a gente da elite, explica a entrevistadora e levantadora de bola Monica Bergamo. A entrevistada é a "banqueira da Marina", Neca Setúbal, que se sente muito experiente aos 73 anos. E a causa que ela está querendo puxar não é mais a floresta, é a taxação global dos super-ricos.

Com a habitual fidelidade aos chefes, Monica aproveita para lembrar que a "agenda" também é defendida pelo Expre e seu ministro Kitgay, que deverão levá-la à cúpula do G20, em novembro. E que já a levaram ao papa, Monica, essa você esqueceu.

Antes disso, ainda este mês, a dinâmica Neca se reunirá com a economista francesa Esther Duflo, vencedora do Nobel de Economia de 2019 e autora de uma proposta sobre o tema. Dá para imaginar as duas conversando, os jantares, os sorrisos, a amizade nascente, Neca pensativa na primeira classe do voo de volta.

Mas isso é problema dela, Neca só tem que matar o tempo e convencer a si mesma de sua importância para a sociedade. A dificuldade maior é do malandro que precisa convencer o eleitor que passou a pagar imposto da blusinha de que o mundo o atenderá e passará a taxar os bilionários.

Por que já não fazem?

Uma coisa que não dá para entender é esse pessoal que diz querer pagar mais imposto. Uma vez, na Zero Hora, o Luís Fernando Veríssimo disse que achava justo ele mesmo pagar mais e eu perguntei, nos comentários, o que o impedia.

Logo apagaram o comentário, ele era um deus protegido pelos adeptos do jornal. Mas a pergunta é válida: o que impede alguém com drama de consciência de pagar o que acha justo? Paga o legal e doa o resto, pronto. Parece que eles querem pagar, mas precisam de uma ordem governamental para isso.

É o mesmo problema do socialista que defende a igualdade acima de tudo. O ganho médio de uma família é 4 e a sua ganha 20, por que ele não seleciona oito famílias que ganham 2 e deixa as nove com 4? Que pelo menos diminuísse a desigualdade, deixando as outras oito com 3 e a dele com 12.

Eles não dão o exemplo, sempre querem assumir o governo para que este mande todo mundo fazer o que poderiam fazer sozinhos e não fazem. E o dinheiro que eles querem dividir nunca é o dos humanitários como eles, sempre é o de outros. Estes é que são insensíveis porque não dividem o que têm.


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