segunda-feira, 10 de junho de 2024

Não funcionou (de novo)

Cada qual com seus fantasmas, na Alemanha é o retorno do nazismo, na França o empobrecimento e o emburrecimento do país. Em ambos, a exemplo de muitos outros, a ideia é substituir a ausência de argumentos para apresentar os adversários políticos como bárbaros dispostos a destruir a civilização.

Qual civilização? A que favorece a criação de enclaves culturais hostis ao país dentro do próprio país, que não sabe distinguir um homem de uma mulher, na qual o clima é um deus que não admite blasfêmias e autoridades nem sempre eleitas determinam até se o cidadão pode sair de casa e que substâncias experimentais deve injetar.

É claro que ela se mantém vantajosa sob diversos aspectos. O problema está nos desvios como os citados, que os que dizem defendê-la se recusam a reconhecer como danosos e, numa escalada preocupante, continuam a promover como "progressos" que só extremistas autoritários não reconhecem.

Mas esse é um discurso desonesto, vazio, que embora repetido incansavelmente por seus políticos e sua imprensa, funciona cada vez menos. Não é surpreendente que não tenha funcionado novamente agora, nas eleições desse final de semana para o Parlamento Europeu.

Não senti nada

Acompanhando a DW nos últimos tempos era possível constatar que eles julgavam ter contido a AfD, maior representante da "ultradireita" alemã. As notícias seguidamente falavam de grande protestos populares contra os radicais, de projetos para colocar o partido na ilegalidade e temas semelhantes.

De repente os caras crescem de 11 para 16 eurodeputados, o que é pouco no cômputo geral, mas muito num sistema fragmentado no qual o partido mais votado conquistou 23. O que dificulta a implementação da ideia, que também era abertamente discutida, de ninguém fazer acordos com a AfD.

Porém, passado o choque inicial, a ordem parece ser matar no peito e fazer de conta que não aconteceu nada demais. A Europa como um todo foi mais para a direita, os verdes perderam o encanto e quebraram solenemente a cara, mas tudo bem, melhor não chorar a derrota porque pode ficar pior.

Aqui também

A imprensa brasileira seguiu a europeia e, com as exceções e deturpações de praxe, já está falando de outra coisa. Além disso, eles têm suas próprias vitória contra a ultradireita local para comemorar.

Uma delas é a dos gays que usaram verde e amarelo. A outra é a da PEC das Praias, que eles conseguiram associar ao Flavio Bolsonaro e à privatização da orla. É falso, a PEC não privatiza nada, mas como tiveram sucesso ao vender o contrário através das redes estão entusiasmadíssimos por terem vencido a direita no campo dela.

Ontem também tivemos o primeiro protesto pelo impeachment do Molusco e do Xandão. Como o público foi relativamente pequeno, a imprensa de esquerda está dizendo que a manifestação flopou. Mal sabem eles que o pessoal esperava uma participação muito menor, deixa estar.


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