Nina Lemos sempre está preocupadíssima com alguma coisa. Desta vez, é com o "caso Sylt", nome da ilha alemã em que jovens ricos foram gravados cantando alegremente uma música que dizia "Alemanha para os alemães, fora estrangeiros". E um deles levantou o braço direito e usou dois dedos do outro para fingir um bigodinho!
A polícia bateu no local, o jornalismo se escandalizou etc. Como resultado, dias depois, jovens não tão ricos foram filmados balançando o vagão de trem que lotavam e cantando alegremente a mesma coisa. Parece que eles estão tentando abafar, mas dá para ver por aí que a musiquinha viralizou entre a juventude alemã.
Nada mais natural. Todo mundo aceita proibições que têm sentido - "não se aproxime do vulcão, risco iminente de erupção" -, mas ninguém gosta do não pode porque não pode. Principalmente quem é jovem e só teve a intenção de zoar com o que lhe parece carolice da turma mais velha.
Bem mais velha. O jovem de hoje nasceu em 2005, seu pai é dos anos 70, seu avô nasceu depois da guerra, o "perigo nazista" já é muito antigo. Embora ele seja bem mais grave, em termos de tempo quem fica falando dele é pior (30 anos pior) do que os petistas que não saem da "ditadura militar".
Além disso, cada vez mais gente está percebendo que a alegada preocupação do sistema com o radicalismo foi se transformando numa embalagem bonita para um conteúdo nem tanto, repleto de proibições determinadas por uma minoria que quer se colocar acima do processo de escolha democrática.
Subordinada à agenda dessa minoria, a maior parte do jornalismo foge da discussão honesta e tenta se impor chamando quem a contesta de "extremista de direita", "negacionista" ou qualquer outro termo que o transforme preliminarmente em alguém inferior, cujas opiniões são inaceitáveis.
E assim, "debatendo" apenas entre si, eles ficam se perguntando, espantados, como faz uma reportagem copiada recentemente pelo Ex-tadão, por que a extrema direita está seduzindo a juventude europeia - a Alemanha é o de menos, há países em um terço dos jovens apoia quem os jornais consideram extremista.
A resposta que eles nunca encontram porque se recusam a considerar é que os jovens percebem o que está por trás dos rótulos: os "equilibrados" são os que verdadeiramente ameaçam a liberdade do povo e seu poder de autorregulação; os "extremistas" são os que tentam recuperá-los.
A questão dos imigrantes, como tudo o mais que a imprensa costuma citar como motivo, está debaixo disso, é secundária. A musiquinha que a garotada alemã anda cantando, também. Tanto no Brasil como na Europa, a Nina pode ficar tranquila. De preferência na Europa, não precisa voltar tão cedo.
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