Escrevendo sobre a influência dos evangélicos na política brasileira, Luiz Felipe Pondé chegou a constatações que irritaram muitos comentaristas/assinantes da Folha, mas são apenas óbvias para qualquer pessoa inteligente (que é, obviamente, aquela que concorda conosco). O final de seu artigo o resume bem:
O pânico em relação ao crescimento dos evangélicos, e as tentativas desesperadas de aproximar o PT dessa população, revela a fundamentação da hipótese aqui apontada. O Brasil será evangélico, e a menos que ocorra um transtorno significativo no perfil dessa população, o Brasil tenderá à direita cada vez mais.
Por último, mas não menos importante, essa hipótese não é só difícil de engolir para a esquerda. A direita liberal "que come de garfo e faca" tem horror à fé evangélica e à sua visão, tomada como retrógrada, com relação a pauta de costumes.
A simples ideia de que o "Brasil será para Cristo" lhes tira o sono. Mas difícil imaginar que a direita vença grandes eleições no Brasil sem esse povo de fé de que os inteligentes têm nojinho, mas não confessam. Só tiram sarro na calada da noite.
Quanto à esquerda creio que não há muita discussão, o crescimento dos evangélicos entre o público que ela imaginava ser seu acabará por reduzi-la ao que já seria sem o presidiário enrolador de analfabetos e o atual STF. Embora torçam por uma mudança mágica (interferência divina?), os próprios esquerdistas reconhecem isso.
Quem ainda não desceu do salto alto é a direita "que come de garfo e faca", que hoje usa terninho de gente grande, mas politicamente ainda se comporta como quando voltava do play sem uma mancha na bermudinha bem passada e gritava com a empregada que não havia deixado seu toddynho na temperatura certa.
Não é ele que tem que se adaptar ao povo, é este que deve ser ensinado a pensar como ele pensa. Ele até concorda em se aliar à direita que tem 99% dos votos, desde que sob o comando do seu 1%. Caso contrário lhe parece melhor ajudar a esquerda a derrotar a outra para que só sobre ele, que se julga a verdadeira direita.
Esse é o motivo da sua ojeriza a Bolsonaro e deles o considerarem igual ao Molusco. Um rouba e o outro não, um quebra as contas e o outro as recupera após a pandemia, não há como equipará-los nesses pontos. Mas ambos, cada um a seu modo, aceitam o povo como ele é neste momento, o que parece insuportável aos bermudinhas brancas.
Para os meninos que cresceram sem perder a petulância infantil, a boa nova é que esse povo caminha para a direita e Bolsonaro, que completará 70 no próximo ano, não durará para sempre. A má notícia é que este caminho passa pelos evangélicos e é dentre estes, ou com seu aval, que surgirá o seu verdadeiro herdeiro.
Bolsonaro uniu os antipetistas em geral e empoderou sua porção BBB (boi, bala, Bíblia), que a direita limpinha trata, como os tucanos faziam, com o nojinho do Pondé. Entre esses grupos, quem deve predominar cada vez mais são os evangélicos. Se serve de consolo, quem estes ungirem como representante também usará terninho.
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