quinta-feira, 2 de maio de 2024

Sem filtro

Diogo Mainardi, o "Reinaldo de gôndola", fez o L minúsculo, aquele que parece um I de Isentão. Mas ele trouxe uma informação interessante, que eu desconhecia e não vi em outro lugar, a respeito do patrocínio do evento em que os ministros do STF foram falar uns com os outros em Londres.

Um dos patrocinadores é o banco, outro a antiga Souza Cruz, ambos com ações no STF. E Mainardi acrescenta que a Souza Cruz foi "a maior patrocinadora oculta do IDP, o conglomerado pertencente a Gilmar Mendes". Em seu atual site, ele reproduz um texto que publicou na Crusoé em maio de 2018:

O ano de 2016 foi próspero para o Instituto Brasiliense de Direito Público, o IDP. O caixa do instituto, de propriedade de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, recebeu 32 pagamentos de diversas empresas e entidades. Todas interessadas em patrocinar eventos – sempre com a presença de Gilmar, a sua principal estrela.

Os valores dos patrocínios foram elásticos: de 50 mil a 500 mil reais. Na ponta do lápis, só naquele ano a receita de patrocínios foi de 4,3 milhões de reais, valor que chega a 7 milhões se considerados os pagamentos recebidos desde 2011.

Crusoé obteve as planilhas do IDP que relacionam 23 empresas e entidades que patrocinaram o instituto e descobriu situações distintas. Uma delas, a mais comum, envolve companhias que patrocinaram os eventos e, em contrapartida, ganharam a exposição de suas marcas. É a regra geral de qualquer patrocínio, em qualquer evento, de qualquer instituição.

Mas há, nas planilhas do IDP, patrocinadores que deram dinheiro sem que houvesse a publicidade da marca – são, portanto, patrocínios ocultos. Outra frente de arrecadação do instituto foram os grupos de estudos jurídicos. Também nesse caso surge o insólito fenômeno das empresas que patrocinaram, mas preferiram não aparecer.

A Souza Cruz, gigante do ramo de cigarros, surge nos documentos internos como o principal patrocinador oculto do IDP. Desde 2011, a companhia repassou 2,4 milhões de reais ao instituto. Mas não há, nem no site do IDP nem nos materiais de divulgação, qualquer referência à empresa.

O sucesso empresarial dos integrantes da suprema corte brasileira é tratado como normal pela nossa imprensa. Mas algo assim é potencialmente escandaloso a nível internacional e pode consolidar a opinião de alguém que esteja vendo as acusações de autoritarismo que pesam contra eles à distância.

Portanto, parabéns ao Dioguito por investigar o tema antes e recordá-lo agora. Pena que na época da eleição ele fingiu não saber que permitir o retorno do presidiário só agravaria esse quadro e trabalhou para isso acontecer. Fez uma coisa boa, mas depois se tornou o que a Souza Cruz foi para o Gilmar, um patrocinador oculto do PT.

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Mudando para outro pessoal que fala apenas para si mesmo, se você considerar que os contratados para balançar bandeira são parte do espetáculo, dá para dizer que tinha mais gente no palco que na plateia.

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