Mesmo que aquilo que a gente escreve nesses encontros diários tivesse potencial para causar uma grande mudança no país, que diferença isso faria depois de certo tempo? Em mais alguns meses ou anos tudo mudaria de novo. Há poucos séculos o próprio Brasil não existia, sabe-se lá quantos ainda vai durar.
Se daqui a milênios encontrarem algo que dissemos, isso parecerá tão importante quanto uma carta em que alguém relata a situação do reino a um amigo preocupado com as tribos que se movimentam do outro lado do Eufrates. E não que isso seja muito provável, pois nem tabletes de argila nós vamos deixar.
Mas sempre tem alguém pior que nós, capaz de enviar cartas pretensiosas a destinatários que não apenas não as lerão, mas não estão nem um pouco preocupados com a sua opinião. Refiro-me, é evidente, a Chamil Jade, colunista do UOL que, como bom globalista, quer ensinar o mundo a se comportar.
Fui procurar outra coisa por lá e acabei verificando, pelos títulos de suas colunas, quem ele andou querendo influenciar recentemente. Veja só os últimos:
Carta para CBF: Copa de 2027 não pode ser apenas um evento esportivo - Não basta desperdiçar dinheiro com uma copa feminina, é necessário discutir a situação da mulher, da mulher negra, dos LGBTXYZ e o restante. A lacração deve ser total.
Carta aos negacionistas: comprem um seguro de vida - As enchentes do RS são a "prova" de que tudo que os globalistas dizem é verdade. Não existe chance de suas previsões estarem erradas ou de opinião alternativa, ou você se submete ou é negacionista.
E tem as de meses atrás:
Carta a Krenak: tua imortalidade faz parte da construção da democracia - Ele é bom escritor, merecia se tornar imortal? Ele é índio, para a "construção da democracia" é o que importa.
Carta ao Nobel: a literatura é universal. E vocês? - Dizem que aqueles homens brancos heterossexuais ficaram chocados com essa puxada de orelha e estão pensando em dar um Nobel para o Krenak.
Carta a Lule: Você não tem escolha; o STF precisa de uma mulher negra - Parece que nem o patrão político deu importância à cartinha. Ou deu e o Flávio Dino passou a dizer que é negro depois dela? Quem saberá?
Carta para a ministra Margareth Menezes: ouse uma revolução - Esta foi deixada para o final porque é a única que foi respondida em "Carta da ministra ao colunista: não deixaremos apequenar um país gigante". Será que o Chamil entende se a gente dizer que já apequenou? Acho que não.
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Mas não faz mesmo diferença. A começar por nós, tudo passa, tudo se vai. Mais uma vez, nossos sentimentos ao querido amigo Racional e seus familiares.
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