segunda-feira, 29 de abril de 2024

Quem ele ainda engana

É sempre igual. Ele passa a fazer um de seus improvisos repletos de pretensas "piadas" e o grupinho no palco se divide. Enquanto alguns se mantém impávidos, esperando a tortura terminar, outros começam a soltar sorrisos para fingir que estão achando aquilo engraçado. E os mais puxa-sacos chegam ao cúmulo de forçar gargalhadas.

As risadas ou gargalhadas falsas, o "humorista" que mantém a face crispada e o tom raivoso, as asneiras que ele solta a sério, é tudo extremamente ridículo. No caso da imagem acima, o tom circense ainda é acentuado pelo fato do sujeito ter colocado um quepe que o deixou com jeitão de general da banda.

Aí você se pergunta: quem ainda se deixa enganar por esse malandro? E a resposta que a gente tem dado é que muitos estão apenas fingindo por interesse ou fanatismo ideológico entre o pessoal mais informado. O problema em termos eleitorais seriam os analfabetos ou quase isso, principalmente aqueles perdidos no interior do país.

Pois bem, este fim de semana eu conversei sobre assunto com alguém que conhece bem esse interior porque há muitos anos planta soja no cantinho da Bahia, na região conhecida como Matopiba. E embora sua percepção pessoal não possa ser comparada a um estudo científico, acho que vale a pena considerá-la.

A ideia é que, mesmo com dificuldade de acesso, a internet chegou lá e mudou a situação. O simplório fanatizado pelo painho, comum décadas atrás, hoje é raridade. A maioria percebe a sua malandragem, sabe que ele roubou, não leva a sério promessas como a da picanha, zomba das suas idiotices.

Mas então por que eles ainda votam nele em grande quantidade? Porque há muita compra de voto e o pessoal vende o seu com enorme facilidade. Um par de sandálias novas e a família inteira vota em quem quiserem. A questão é você ter muitos correligionários entre quem pode oferecer as sandálias.

Traduzindo para os tempos atuais: é importantíssimo eleger o máximo possível de prefeitos e vereadores este ano para ter boas chances em 2026. Sempre foi, em todo o país. Mas agora é mais que antes porque o pessoal se acostumou a ganhar bolsas e que tais, principalmente naquela região.

Quem mais ele engana

Ao ler o texto acima, o típico isentão deve pensar: Se a atual oposição pensa que o pessoal é realmente assim, seus candidatos a prefeitos e vereadores também devem estar comprando votos e continuarão a comprá-los depois de eleitos, o que comprova que são todos iguais.

Nesse sentido, são mesmo. A questão é que, goste-se ou não, o toma lá dá cá continuará a fazer parte da política brasileira por muito tempo. E enquanto não se chega lá existem coisas importantes, como liberdade de expressão e ajuste das contas públicas, em que os dois lados são muito diferentes.

O ótimo é inimigo do bom, quem só aceita a perfeição acaba descartando o bem possível e ajudando ao pior. Mas não adianta dizer isso ao isentão que, na prática, continuará a ser tão útil ao piadista quanto o cara que finge rir de suas tiradas.


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