domingo, 28 de abril de 2024

Pesadelo que não passa

O Vasco perdeu para o Criciúma e o treinador foi embora? Milly Lacombe sabe quem são os culpados. Um deles é a SAF, com sua lógica puramente empresarial. E o outro é o presidente do clube, que o afastou das lutas sociais do passado ao contratar o mesmo publicitário que já trabalhou para Jair Bolsonaro.

Luta social?! Puxando pela memória, a única antiga luta extracampo do Vasco era a do Eurico Miranda para levar vantagem nas tabelas, nos árbitros escalados e nos tribunais esportivos.

Mas, deixando a luta de lado, que mal tem o publicitário ter trabalhado para Bolsonaro? Acaso eles não trabalham para quem os contratar, mudando constantemente de partido político ou de ramo de atividade? Milly estaria sugerindo que ele não pode ser contratado por mais ninguém depois de atender ao seu inimigo?

Está, é claro, por ela o sujeito seria isolado ou coisa pior. Ele tornou-se um cidadão de segunda classe. Como as senhoras com camiseta da Seleção que foram impedidas de entrar no vagão do metrô por brutamontes de torcidas organizadas. Como tantos outros que se aproximam da terrível "extrema direita".

Corta para o deputado Glauber Braga, um baderneiro de quinta categoria que talvez se dê mal com a recente ofensa ao presidente da Câmara. Muitos agora criticam seu comportamento e ele, democrático como é, diz que aceita todas as críticas... exceto as feitas pela "extrema direita".

Volta para a Folha/UOL, onde o Kitgay Haddad troca ideias com a companheira Monica Bérgamo. Tudo perfeito, tudo nos trilhos. Erros do governo? Praticamente nenhum, eles só precisam aprender a lidar com a "extrema direita". É uma resposta racional, eles precisam lidar com a força adversária.

Mas se não aprenderam até agora é porque se recusam a lidar, gostariam que isso fosse apenas um pesadelo do qual logo acordarão. O Kit é mais político, mas seu sentimento é o mesmo dos outros dois (e da Monica, e de todos eles): a tal da "extrema direita" não se encaixa no seu modelo de mundo, não deveria existir.

"Aprender a lidar com a extrema direita" está virando, para a nossa esquerda, o novo "temos que falar com os evangélicos", uma tarefa grandiosa cujo início é indefinidamente procrastinado.

O problema é que enquanto eles nada fazem além de torcer, tanto os evangélicos como os adeptos da "extrema direita" aumentam ao invés de diminuir. E os dois grupos, que em grande parte já se confundem, se aproximam cada vez mais. O pesadelo tende a piorar.


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