Chamou a atenção da esquerdalha nativa que um brasileiro negro, Marcus Santos, tenha sido eleito deputado pelo Chega. Coitado do ignorante, zombaram eles, não sabe que o partido é racista e inimigo dos imigrantes. E, no melhor estilo "chamem o Nikolas", o convidaram para um entrevista virtual no UOL.
O resultado foi parecido. Marcus Santos, ex-lutador e hoje professor de MMA que foi para os EUA aos 18 anos e chegou em Portugal em 2009, massacrou os debatedores escalados para humilhá-lo, o Soros-boy Sakanamoto e um tal Diego Sarza, que é negro (mestiço) e tem jeito de quem usa isso como vantagem profissional.
O Chega não é contra os imigrantes, mas contra os tranqueiras. Marcus, que se tornou uma liderança no Porto e conselheiro nacional, jamais foi discriminado no partido cujos estatutos são totalmente contrários à discriminação racial. Quem diz outra coisa é a "comunicação social mentirosa" e a "extrema esquerda fascista".
Os dois extremistas foram ficando nervosos conforme eram desmentidos, mas o pior foi quando o negão filho de doméstica passou a ensinar Português e História aos que se consideram grandes intelectuais.
Racismo é discriminação por raça (etnia, cor da pele) e pode ser de qualquer uma contra qualquer outra. Os portugueses compravam os escravos de outros negros. Muitos negros da Flórida, entre os quais Marcus viveu, são extremamente racistas.
Historicamente, todos já escravizaram todos. "Escravo" deriva de "eslavo". Durante séculos, até 1815, povos do norte da África atacaram navios europeus e o litoral da Europa para obter "ouro branco" (escravos brancos, escravas na ilustração acima). A Mauritânia só aboliu a escravidão em 1980.
Estes últimos escravizadores eram mais escuros que o Sarza e estão na provável origem árabe de seu nome. Mas o apresentador ficou tão irritadinho que acabou encerrando a entrevista mais cedo e deixando o tema para ser discutido como os ultraesquerdistas adoram, entre eles mesmos, em outro programa do UOL.
Neste, uma tal Fabíola Cidral levanta a bola dizendo-se chocada com o extremismo do Marcus. Sakanamoto corta: "a fala do brasileiro eleito em Portugal é muito perigosa". E o Zé Bonitinho, agora em versão lacradora para manter a boquinha, liga o gerador de lero-lero: "que o confundam com a média do pensamento brasileiro é horripilante".
Perigoso e horripilante é o mundo em que analfabetos que não têm a menor ideia do que está acontecendo além da esquina dão poder aos que comandam idiotas como esses e lhes permitem apresentar suas versões particulares da História e do significado das palavras como se fossem verdades universais.
Mais assustador ainda é que muitos, com primário completo (o que é racismo, crianças?) e plenas condições de verificar com independência quem está do lado dos fatos, caiam na conversa dessa gente de graça, sem ter, como ela, uma boquinha para um familiar, um salário razoável no UOL ou uma mesada do tio Soros.
Datafolha não falha
69% dos paulistanos não concordam com a ideia de misturar religião e política de Michelle Bolsonaro. Nem eu concordo em subordinar o Estado a uma religião. Mas não foi isso que ela disse, foi o contrário, que a insistência em separar as duas coisas pode ter nos levado a esquecer valores que não são exclusivamente religiosos, mas foram tradicionalmente defendidos e transmitidos pela religião.
Valores como a honestidade, viu Datafolha.
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