Como aqueles juízes que cometem algum ilícito e são punidos com uma aposentadoria compulsória, os 39 integrantes do pior ministério de todos os tempos receberam a incumbência de melhorar a imagem do desgoverno viajando pelo interior do país como seu chefe viaja pelo exterior.
Os poucos que sabem o que estão fazendo já devem viajar quando necessário. Mas imagine a felicidade da maioria que passa os dias zanzando pelos gabinetes para fingir que trabalha. Agora eles têm uma missão, uma agenda a cumprir, algo a dizer se o chefe lembrar de sua existência e lhes perguntar o que fazem por lá.
Mais, têm também uma desculpa. Estavam viajando, mantendo, de acordo com as ordens, aquela calorosa e frutífera relação pessoal com as diversas populações desse imenso país. Mal conseguiam parar em Brasília, tiveram que deixar muita coisa na mão de assessores. Se algo deu errado a culpa é destes.
É a lógica que rege a cabeça do chefe, pode ajudar a manter o cargo. Mas o impacto positivo da chegada de um ministro à cidade é coisa do século 19, no máximo de algumas décadas atrás. Ainda mais esses ministros, em geral nulidades que, como seu líder, não têm coragem de sair à rua e encarar o povo.
Só quem se deu por satisfeita foi a imprensa conivente, que, tendo noticiado a solução para o desastre cada vez mais difícil de esconder, recolheu-se rapidamente para voltar a tratar daquilo que realmente interessa: discussões isoladas sobre dispositivos constitucionais, baleias importunadas, cartões de vacina...
Lição de casa
Já disse nos comentários de ontem que Moro me pareceu muito bem no trecho de um filme em que interroga o delegado da PF que respondia pela detenção do português Sérgio Tavares. O Badaró, que acompanhou todo o depoimento, acrescentou que essa foi a norma e o ex-juiz sabe realmente como perguntar.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a voz dele. Por mais que a gente quisesse relevar, a antiga taquara rachada prejudicava demais o conjunto. Ontem ela deu lugar a um tom seguro e agradável, ele está fazendo a lição de casa. Se estiver mais esperto politicamente (e deve estar) tem tempo, com 51 anos, para pensar num futuro melhor.
Até o clima fajutam
Quando esfria o silêncio é a norma, mas basta esquentar um pouco para os jornais lembrarem do terrível destino que nos aguarda caso não sejam tomadas providências contra o aquecimento global cujo aumento pode ser avaliado pela temperatura e, cada vez mais, pela "sensação térmica".
Mas como se mede esse índice que "indica qual temperatura uma pessoa está sentindo na pele exposta" e tem passado com frequência de alarmistas 60°? O site da DW informa que ele depende de fatores como temperatura do ar à sombra, umidade, ocorrência de vento e radiação solar.
Aí você junta tudo numa fórmula e... Não, não é uma, "um levantamento de 2011 identificou mais de 100 índices criados para chegar a esse número", o que, na prática, significa que cada um tasca o que bem entender. Isso ajuda a explicar porque nós continuamos sobrevivendo à sensação térmica. E aos jornais.
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