Segundo uma versão, esta teria sido a segunda vez em que membros do STF retiraram o barbudo de trás das grades. É uma boa interpretação. E pode ser estendida, pois os representantes da corte não estão citando leis, mas usando a força física. Num simbolismo possivelmente involuntário, eles esclarecem que é tudo na marra.
Mas tinha algo nessa cena de república das bananas que estava ali e eu não sabia dizer exatamente o que era. Seria o olhar fixo do Barroso na espessura da barra que segura ao contrário? A contida ironia do Xandão e do Molusco que saem em seu auxílio ao perceberem que ele não sabe como levantar uma grade?
Ou seria o entorno? O biquinho debochado, acintoso como sua pança, do sujeito que sumiu com as imagens de algo que eles diziam ser tão grave como o ataque japonês a Pearl Harbor? Seria o Pacheco, como sempre participando de tudo, mas tentando fazer de conta que não está ali?
Ou o mais ridículo seriam os sorrisos forçados dos convocados para presenciar a patética cena? A total ausência do povo que, na fantasia oficial, estaria grato aos que heroicamente o salvaram da ditadura das velhinhas com Bíblia na mão? Seria, talvez, o colega dos Metralhas caminhando como o Pato Donald?
Herói, Disney... taí, encontrei, é uma coisa de gibi.
São as capas. Não digo que elas são proibidas fora dali, mas me parecia que a norma era vesti-las apenas nos julgamentos do STF. No julgamento do impeachment (realizado no Senado), em posses de presidentes e ocasiões similares, os ministros envolvidos não usam capa, ninguém anda com elas por aí.
Ao tirá-las do armário para simbolizar seu poder, eles confirmaram que, nessa história do Pearl Harbor nativo, não há nada que não possa piorar. Com as capas, assumiram de vez o papel de super-heróis que corajosamente enfrentaram e venceram a terrível ameaça das velhinhas destruidoras de democracias.
Confirma-se assim que eles são a Liga da Justiça, o Super Tribunal, sempre disposto a usar seus poderes para restaurar e manter o status quo.
O Congresso está querendo seguir o projeto inicial e transformar em lei a impressão do voto para que o Brasil se torne um país em que a eleição pode ser auditada como acontece no resto do mundo civilizado? Basta uma visitinha de dois Super T para que parte dos deputados mude de ideia e vote com a esquerda que não quer esse controle.
Sua empresa roubou e fez um acordo em que deve pagar multas bilionárias? Apele para um Super T, ou peça para sua esposa advogada fazê-lo, que tudo se resolve. Quer mudar a legislação sem ter que discutir o assunto com os representantes eleitos pela população? Os Super T tiram de letra.
Como Kal-El (aquele menino que foi enviado de Kripton pelo seu pai, o cientista Jor-El), eles só temem ser atacados pela kriptonita verde. Mas essa, ao que parece, está bem guardada pelo fiel Quart-El.
Nenhum comentário:
Postar um comentário