domingo, 18 de fevereiro de 2024

Presença garantida

Jânio, que renunciou depois de alguns dias. Era com ele que o comparavam militantes de redação como o Ricardo Kotscho. Ou como uma tal Maria Cristina Fernandes, do Valor/Globo, que chegou a "revelar", no início de 2019, que ele só aguardava uma garantia de que os filhos não seriam presos para renunciar.

Não rolou, mas não tinha problema. Ele era o novo Collor, que emergiu de repente e submergiu após sofrer um impeachment. A imensa maioria queria o impeachment, só não saía às ruas para pedi-lo por causa da epidemia, garantia a Folha. Mas aí, quando a paranoia passou, todos viram quem tinha povo de verdade para se manifestar.

Ninguém antes tinha reunido aquelas multidões. Mas não tinha problema, os Datafolhas da vida garantiam que só os manifestantes o apoiavam, com ele não valia aquele negócio de que quem sai às ruas é uma proporção do total. Seu apoio entre os demais era tão pequeno que ele nem chegaria ao segundo turno.

Chegou. Mas não tinha problema, pois ele seria derrotado graças às ações coordenadas da grande imprensa, de movimentos que se diziam de direita para no fim levar adolescentes com esse perfil a não votarem e, principalmente, de um TSE cujos membros se orgulhavam de defender o outro candidato.

Com tudo isso, com toda a desonestidade da eleição que deveria ter sido anulada, foi por muito pouco. Se não tivessem rasgado a lei e mandado oferecer transporte para analfabetos talvez já não desse. Mas o fato é que o golpe deu certo e o derrotaram. Agora sim, ele iria submergir como Jânio ou Collor.

Submergir não, morrer. No mundo inteiro, o poder se alterna entre dois ou mais partidos que perdem e ganham eleições. Mas circula no Brasil a estranha ideia de que quem perde uma só eleição acaba. Tem gente que acredita, por exemplo, que o PT morreu em 2018 e só retomou o Executivo porque foi magicamente ressuscitado.

O partido dominava o Judiciário através de suas indicações de mais de uma década, tinha um terço dos governadores e inúmeros deputados... Só perdeu uma eleição, não morreu de forma alguma. E o mesmo aconteceu com o personagem (e o segmento político) de que falamos, levando o desespero aos que o agouravam.

Na cabeça dessa gente, o eleitor do sujeito deveria se comportar como um viúvo alegre em busca de uma nova esposa. E os políticos ligados ao falecido deveriam mudar também, afastando-se o quanto fosse possível do cadáver em decomposição se não quisessem ser os próximos a ganhar uma lápide.

Só algo assim explica a revolta da turminha com a presença do Tarcísio na manifestação do próximo domingo. Ele nem conhecia direito São Paulo e só está no cargo porque foi indicado pelo então chefe. Tem o exemplo negativo do Bolsodoria, que precisou se aposentar após a trairagem. Nada mais natural que continue onde está.

Mas eles, que primeiro criaram a fantasia de que Tarcísio se afastaria do "bolsonarismo", agora garantem que o governador vai se suicidar politicamente. Como se quem o elegeu tivesse passado de uma para a outra a pensar como eles. É o que eles gostariam, mas está muito longe da verdade.


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