Parece que os esquerdistas daqui e dos EUA já têm a desculpa pronta em caso de derrota do Biden na próxima eleição. Como aqueles petistas que acusam a Globo de ser bolsonarista, eles concluíram que a culpa é da imprensa, que fica batendo nessa história do velhote senil estar velhote e senil.
"Obsessão com idade de Biden mostra que imprensa política dos EUA está gagá" é o título do artigo que a involuntariamente divertida Lúcia Guimarães publicou esta semana na Folha. E mais engraçado ainda é que ela defende seu candidato confirmando seu problema ao tentar vendê-lo como normal.
Seu exemplo é Reagan, que, ainda no primeiro mandato, teria se referido aos papéis que interpretava em filmes de guerra como reais. E que, já no segundo mandato, não teria reconhecido uma repórter que acompanhava a Casa Branca há uma década.
Naquela época os jornalistas não contavam isso ao público, reclama Lúcia sem se dar conta de que hoje eles não têm a opção de esconder o que seria escancarado pela internet. E sem considerar que o Alzheimer começa com panes eventuais; uma delas por mandato, longe dos holofotes, não assustaria ninguém.
Mas Lúcia tem aliados. Um cara da CNN perguntou: "A idade de Joe Biden é problema maior do que os indiciamentos de Donald Trump?" Se não é, por que falam das duas coisas ao invés de só da segunda? Culpa de quem? Da mídia, afirma nossa heroína:
Voltamos a 2016, à obsessão malfeitora da imprensa política dos EUA com os emails de Hillary Clinton e ao papel de cúmplice da mídia em facilitar a eleição do mais criminoso presidente da história do país.
Para Lúcia, quem está com "sinais de demência" é Trump, que faz "ameaças delirantes" e, segundo um tal Noel Casler, "cheirava comprimidos esmagados de metanfetamina no set" do seu programa de TV. Por que não levam essas denúncias a sério?
No caso do New York Times, por "séria negligência jornalística", diz uma ex-ombudsman do jornal que não para de falar do envelhecimento de Biden e chega a afirmar, com "hipocrisia editorial", que ele é mais prejudicado por erros do que Trump.
Está certo que ele é, mas Lúcia não se conforma que a imprensa americana não seja tão venal quanto uma mais ao sul. E abre espaço para Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida deputada de extrema esquerda, que solta as abobrinhas de praxe:
Precisamos entender o que estamos contemplando neste país. Se Donald Trump for eleito presidente, não sabemos se haverá uma próxima eleição com integridade.
Quem parece ter Alzheimer é quem esquece que o Laranjão já esteve lá e não fez nenhuma das maldades que lhe atribuíam. Não roubou eleição nenhuma, foi até roubado. Mas vejamos como a nossa furibunda compatriota encerra seu artigo:
Pode-se debater a sensatez do idoso Biden em ter insistido em se candidatar. Pode-se criticar sua atitude sebastianista, o impulso de, mais uma vez, salvar o país do monstro Trump. Mas ele não roubou as primárias, e os eleitores ignoraram o único pré-candidato rival, Dean Philips, um mentecapto que sugeriu oferecer um ministério a Elon Musk. A imprensa política deve ao público cobrir o que está em jogo, as consequências reais da eleição que ameaça o Estado Democrático de Direito. E não fulanizar a campanha.
Em tempo:
Mais que o "monstro" Trump, Lúcia detesta Elon Musk.
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