Hitler havia assumido há poucos dias quando o Reichstag, sede do parlamento alemão, foi incendiado. Preso no local, um jovem holandês ligado ao movimento comunista assumiu a culpa, mas sustentou ter agido por conta própria, num protesto contra a entrega do poder ao Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista.
Porém os nazistas viram ali um plano maior para, segundo Goebbels, "por meio do incêndio e do terror, causar tumultos e, em meio ao pânico geral, tomar o poder". Na mesma linha, Hitler declarou que "se esse incêndio, como acredito, tiver sido obra dos comunistas, precisamos exterminar essa peste assassina com punho de ferro".
Essa foi a senha para que Hermann Göring, o gordão carniceiro que chefiava a justiça do Führer, entrasse em ação. E o que aconteceu a seguir pode ser melhor explicado pela Deutsche Welle, empresa pública de radiodifusão tão insuspeita de ser "bolsonarista" ou coisa parecida que às vezes publica artigos da musa Nina:
Na mesma noite, a polícia recebeu de Göring a instrução de prender deputados comunistas e funcionários do partido. Especialmente cruel foi o comportamento das tropas nazistas da SA . Elas levaram incontáveis pessoas para prisões provisórias, em sua maioria localizadas em porões. Lá, os membros da SA torturavam os prisioneiros. Alguns não sobreviveram. Cerca de um mês depois, em torno de 25 mil pessoas haviam sido detidas.
Na sede do governo, o tumulto era grande. No dia seguinte ao incêndio, Von Hindenburg assinaria o Decreto do Presidente do Reich para a proteção do povo e do Estado, que eliminava a liberdade de expressão, de opinião, de reunião e de imprensa. O sigilo do correio era abolido. E o governo central ganhava poderes para "intervir" nos estados, a fim de garantir "a paz e a ordem".
Com o Decreto do Incêndio do Reichstag, como ele ficou conhecido, os nazistas passaram a dispor da ferramenta decisiva para combater seus inimigos. Sem provas nem controle jurídico, eles podiam agora deter qualquer um que lhes fosse desconfortável. Jornais de oposição, por exemplo, foram logo proibidos.
Grande parte da população acreditava naquilo que estava escrito nos jornais, ou seja, que os comunistas tinham tentado dar um golpe. Um periódico bávaro aplaudia: "Por isso, saudamos as últimas medidas de emergência".
O fim das liberdades democráticas era aceito em silêncio. Hitler deixou-se festejar como o salvador da Alemanha diante do perigo do comunismo. Estava aberto o caminho para o totalitarismo nazista.
Colocado como comentário de destaque abaixo, o relato de Cristina Graeml, que entrevistou centenas de prisioneiros políticos durante o último ano, mostra como o Partido dos Trabalhadores brasileiro se aproxima do original alemão.
Que uma ínfima minoria quebrou alguma coisa já se sabia, é possível até que toda destruição tenha sido obra de infiltrados. Que mais pessoas entraram porque as portas estavam abertas e os funcionários do GSI petista as convidaram também era sabido.
Mas Cristina esclarece que essa era a cenoura da armadilha e lá fora estava o chicote. O povo que exercia seu direito constitucional de protestar foi covardemente atacado por dois helicópteros que, além de inúmeras vítimas com ferimentos menores, deixaram pessoas cegas e outras com orelhas e dedos arrancados.
Essa foi uma maldade na qual nem os nazistas originais, craques no assunto, pensaram. O resto - o führer idolatrado, o gordão fiel, as prisões ilegais, as torturas, a censura, a interferência do poder central nos estados, os julgamentos farsecos, os jornais mentirosos e os idiotas que neles acreditam - foi só repetição da história.
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