segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Cada um pro seu lado

Incendiário aos 20, bombeiro aos 40, diz o ditado. Em questões políticas e comportamentais, os jovens tendem a ser relativamente mais "progressistas" e os velhos mais conservadores. Entre os sexos a diferença sempre foi mínima, com os homens sendo um pouquinho mais conservadores que as mulheres da mesma idade.

Mas isso pode estar mudando. Pesquisas realizadas recentemente nos EUA e em países asiáticos e europeus indicam que, na faixa que vai dos 18 aos 30 anos, abriu-se uma grande lacuna entre os dois sexos, com as moças sendo cerca de 30 pontos percentuais mais progressistas que os rapazes.

Não é inesperado. Em todo lado se divulga a ideia de que "a sociedade" foi e é injusta com as mulheres. E às vezes é verdade. Em lugares como China e Coreia, onde costumes seculares ainda se mostram fortes, meninas que se criaram vendo outro padrão pela internet se revoltam com certa razão com o que encontram ao seu redor.

Além disso, teríamos que saber se as perguntas não foram feitas para direcionar as respostas. Um homem não se constrange em dizer que sonha com uma esposa que fique em casa cuidando dos filhos, mas, nos dias de hoje, uma mulher pode ter dificuldade para admitir que gostaria de assumir esse papel.

Porém o aspecto mais curioso dessas pesquisas é que um dos motivos para o surgimento do abismo entre moças e rapazes está no fato destes estarem se dirigindo para o outro lado e, ao contrário do que sempre aconteceu no passado, se mostrarem mais conservadores que os homens mais velhos.

Como exemplo, a mídia informa que, na Alemanha e na Polônia, até metade dos homens jovens apoia partidos de "ultradireita", contrários à imigração. Aliás, esse tema gera uma das maiores diferenças entre os sexos: as moças desejam acolher maternalmente os imigrantes, os rapazes querem mandá-los embora.

Mas aqui é fácil explicar a diferença. Por intuição ou porque já viu algo assim acontecer, o garoto sabe que, se os imigrantes acabarem com os empregos disponíveis e em algum momento as coisas ficarem difíceis, a modernidade será jogada para o espaço e ele ouvirá que é o homem da casa e o problema é só seu.

Olha quem está ensinando

Quer se livrar dessa carga de "homem da casa"? Entender por que o machismo e a misoginia o impedem de exercer suas "potências e subjetividades"? Descobrir que o binarismo sexual é uma construção sócio-histórica que lhe ensinaram a naturalizar como biológica? Saber como as "tecnologias do feminismo" podem libertá-lo?

Seus problemas acabaram. Basta participar do curso "Feminismo para Homens", ministrado pela autodenominada "sapatão" Milly Lacombe e por sua colega Paola Lins, que se descobriu bissexual. Composto de vários módulos, o curso é oferecido pelo ICL - Instituto Conhecimento Liberta - que eu não conhecia, mas fui conhecer.

Pela módica quantia de 47 reais por mês (ou mais um pouco se você quiser sair com diplomas e financiar um bolsista), o ICL permite o acesso online a mais de duzentos cursos ministrados por um time cujos destaques incluem Marilena Chauí, Leonardo Boff, Jessé Souza e Renato Janine.

Muito bem feito, seu site (icl.com.br) informa que ele conta com 4000 associados. Ôpa! Um número redondo, que estranho! E tem quem goste, é claro, mas parece muita gente! Sei não, me veio uma ideia de que órgãos governamentais podem estar bancando cursos para seus funcionários. Será?

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