segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Pautas morais

As bandeiras emancipadoras da esquerda incluem pautas que insultam seus valores morais. Não aceitam que a mulher deva ter autonomia sobre o seu próprio corpo nem independência em relação à família. Tampouco toleram a homossexualidade. Em seu ordenamento de preferências, a rejeição das pautas morais da esquerda antecede a dimensão econômica do bem-estar. Estes eleitores sequer premiam com o seu voto os governos que produzem políticas que os tiram da extrema pobreza.

Quem disse isso? Claro, você já sabe, fui um "intelectual de esquerda", no caso uma professora da USP que escreveu o prefácio de um livro recentemente comentado por Guilherme de Carvalho na Gazeta do Povo (aqui).

De quem a fêssora lulopetista está falando? Você também sabe, dos evangélicos. Daqueles que em grande parte moram na periferia, são "mulheres negras" e têm rendimentos na faixa que o próprio moloch barbudo considera como a do seu gado.

Por que então eles não votam no ídolo presidiário? Pelo que está dito acima e o livro inteiro corrobora: não é a economia, é a cultura, estúpido. Não adianta ir lá e falar com eles, como o malandro que não sai às ruas cansa de mandar. Eles não precisam ganhar mais para rejeitá-lo, como pensava aquele outro intelectual.

A esquerda poderia mudar e se tornar mais conservadora nos costumes para conquistá-los, muitos pedem isso por lá. Mas o autor do livro reconhece que ela não consegue. Volte ao primeiro parágrafo para ter um exemplo disso, veja como a fêssora está mentalmente aprisionada pelas suas "bandeiras emancipadoras".

O máximo que eles conseguem é disfarçar e o desgoverno até que está indo bem nesse aspecto. Mas eles sempre deixam escapar pelo caminho algumas danças de koo. E não é porque as pessoas são pobres que são idiotas, as redes sociais estão aí para espalhar os fatos e cada um pode tirar suas conclusões.

Além disso, a esquerda não consegue abandonar a crença de que os pobres deveriam "premiá-la com seu voto", pois só podem melhorar de vida coletivamente, através de "políticas" que só a maravilhosa esquerda pode oferecer. No fundo, eles pensam que basta explicar isso direito para o sujeito se tornar seu eleitor.

Esquecem que isso não combina com a própria organização dos evangélicos em pequenos núcleos reunidos em torno de um pastor que, com maior ou menor sucesso, é um self-made man. E não percebem o quanto seria desestimulante alguém ter que abandonar exemplos como esse (e vários outros) para aceitar a ideia de que nunca conseguirá resolver sua vida sozinho, mas apenas como parte de um rebanho.

Claro que isso poderia ser diferente se os inimigos da esquerda agissem realmente como esta diz e se comportassem como capitalistas do início da Revolução Industrial, não se importando em deixar os pobres desempregados, sem assistência médica, auxílios como as bolsas e tudo o mais. Como isso não acontece, o discurso cai no vazio.

Assim a direita continua bem colocada junto a esse segmento cada vez mais importante da população. Mas não a direita de shortinho branco e gel no cabelo, que pensa que o país se resume ao condomínio cheio de regrinhas do qual sai o mínimo possível, sempre com as janelas do carro fechadas.

Esta não tem nenhuma condição de representar o setor evangélico ou aquele outro, que é grande por si só, do agronegócio. Aglutinar essas e outras culturas é indispensável em termos eleitorais. E poucos podem fazer esse trabalho. Os que pensam que não é assim e eleição de presidente é como a de síndico podem arrumar um nome e tentar.


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