terça-feira, 12 de dezembro de 2023

A união faz a força

A união faz a força e a União faz açúcar. No tempo dessa piada, fez até carro de Fórmula 1. Bancou, através da Copersucar, controladora da marca na época, a Escuderia Fittipaldi, sonho dos dois famosos irmãos automobilistas que, em troca do patrocínio, estendiam à empresa sua popularidade e simpatia.

Já o responsável pelo marketing do Bis, famoso produto da Lacta, contratou como garoto-propaganda o Nelipe Feto, que nunca pilotou nada além de live na internet, mas é muito conhecido entre as crianças e jovens do país.

Ele só esqueceu que Nelipe tornou-se um defensor ferrenho do ex-presidiário e passou os últimos anos ofendendo quotidianamente a parcela da população que prefere ter um presidente honesto e não quer censurar ou ser censurada. E esse povo reagiu, lançando um boicote contra o produto anunciado pelo canalha.

Os petistas deram gargalhadas, postaram imagens em que comiam Bis, debocharam dos que compravam caixas do produto para fazer vídeos em que as jogavam no lixo. E os militantes de redação foram atrás, tratando o boicote como obra de uma minoria de radicais que não teria efeito prático algum.

Depois o assunto sumiu. E dias atrás a gente até especulava que isso era sinal de que o boicote estava funcionando, pois do contrário a petralhada da imprensa faria questão de apresentar essa "prova de que o bolsonarismo está quase morto" - eles chamam antipetismo de bolsonarismo e gostam de fantasiar que ele acabará.

Pois ontem isso foi confirmado. O próprio UOL noticiou que a Mondelez, controladora da Lacta, sentiu o golpe e definiu regras para evitar que pessoas como Nelipe sejam novamente contratadas.

A notícia saiu num cantinho, mas é espetacular porque o exemplo de um gigante como a Mondelez se espalhará automaticamente pelo mercado. E também porque mostra uma capacidade de mobilização que tempos atrás seria impossível, uma união voluntária, contínua e consciente, de dezenas de milhões de brasileiros.

Não é só Nelipe, outros petistas estão tendo filmes e shows boicotados país afora. Ao que tudo indica com idêntico sucesso, pois se repete o silêncio da imprensa que adoraria dizer que os bolsonaristas quebraram a cara.

Essa é uma nova arma no jogo. E uma que eles não têm. Mesmo que você considere que a eleição foi totalmente honesta e o povo se divide politicamente em partes de igual tamanho, o petista típico tem uma renda significativamente menor, gastando naturalmente menos (ou até não gastando) em shows e chocolates.

E o mais importante é a união. Não a do açúcar das guloseimas, mas aquela que faz a força dos que a detêm. Dependendo de milhões de decisões individuais, ela é silenciosa. Mas acabou de mostrar que existe, só precisou de um pequeno empurrão para se manifestar. Dá até para começar a imaginar o que mais se pode fazer.


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