Para Chuck e Nancy, que encontraram as duas metades do anel no interior de uma caverna na costa do Maine, a palavra mágica era o nome do gênio: Shazzan. Mas isso varia de história para história, Ali Babá, por exemplo, precisava gritar "abre-te, sézamo" para abrir aquela outra caverna em que os quarenta ladrões escondiam seu tesouro.
Num seriado nacional mais recente, repleto de personagens que se movem entre cavernosas instâncias do poder, tudo gira em torno dos integrantes do Supremo Tesouro Fantástico - ou de apenas alguns deles, ainda não está bem claro - que conhecem o misterioso segredo do "excepcionalmente".
Nessa distopia, há regras rígidas que foram longamente discutidas e todos os outros precisam cumprir. Mas os membros da confraria só precisam vestir suas capas negras e escrever a palavra mágica para que tudo que vem depois se torne lei, ainda que em completa contradição com a criada pelos comuns mortais.
Não funciona com outros. Não adianta você dizer "excelência, eu nunca fiz nada errado na vida e só entrei no prédio por instantes, excepcionalmente, para me proteger das bombas de gás". E até pior você adotar essa linha, pois eles vão achar que você está querendo ser tratado como um igual e o castigarão por sua pretensão.
Ninguém sabe de onde vem esse poder, por que eles o detêm e outros não. E nem se saberá tão cedo, pois os autores do enredo, fãs assumidos de Lost, querem manter o clima de indefinição para segurar a audiência pelo maior tempo possível. Aliás, nem os autores são conhecidos. Você pensa que é um, mas pode ser outro.
Transportados repentinamente para o mundo encantado da Arábia das mil e uma noites, Chuck e Nancy só poderiam voltar para casa quando entregassem o anel do poder ao seu legítimo dono. Uma missão que os irmãos, bonzinhos como eram, procuravam realizar a cada novo episódio.
Assistindo aquilo, a gente entendia o argumento de voltar para a mamãe. Mas também pensava se não seria legal ficar para sempre naquele reino encantado, sendo servido pelo gênio Shazzan e pelo camelo alado Kaboobie, só se dando bem. O dono que se danasse, quem mandou ele ser descuidado e deixar o anel dando sopa por aí?
No fim, pelo que eu sei, nunca houve a devolução. Mas o desenho saiu do ar, como acontece algum dia com todos e deve se repetir no caso da novela que hoje assusta até os adultos. A não ser, é claro, que, excepcionalmente...
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