Como pode? É o que se pergunta o típico jornalista lacrador que domina a mídia americana ao verificar que seu arqui-inimigo Donald Trump não apenas cresce na preferência do eleitorado dos estados tradicionalmente indefinidos, mas é apoiado por quase um quarto dos negros e metade dos latinos que neles vivem.
Esse pessoal vai votar contra seus interesses? Não viram os alertas que eles, jornalistas, não cansam de emitir? Viram sim, diz Matthew Schmitz, editor da revista Compact, em artigo publicado no New York Times e reproduzido pelo Ex-tadão.
O problema é outro, eles não acreditam no monstro que essa imprensa tenta criar, não se preocupam com os seus exageros de linguagem. Esses eleitores prestaram atenção no que ele realmente faz. E encontraram um sujeito mais pragmático que dogmático, um empresário que tenta antes de tudo tocar bem o negócio.
Se fazer de louco pode ser parte disso. Schmitz exemplifica esse ponto com um caso contado em A arte da negociação, que Trump publicou em 1987. Para convencer um banco a não tomar uma fazenda dada como garantia da dívida de uma viúva, o laranjão ameaçou acusá-lo de ter provocado o suicídio do seu marido. Deu certo. O que o levou a escrever que "às vezes vale a pena ser um pouco selvagem".
Em algumas ocasiões ele realmente finca o pé numa posição, mas seu radicalismo é o mesmo de alguns de seus eleitores e não incomoda aos demais. Na maioria dos casos ele é moderado. E todos confiam que continuará sendo, sabem que ele pode ser agressivo e dar uma de louco, mas não fará nenhuma loucura.
Schmitz conclui que isso acontece porque, como deveria ser óbvio, o eleitor de Trump é moderado. E encerra seu artigo criticando as tentativas de derrubar o candidato no tapetão para alegadamente defender a democracia:
Por mais desordeiro que Trump possa ser, seu sucesso atesta o desejo dos eleitores americanos por moderação e seu ceticismo em relação a ideologias extremistas. Em novembro, os americanos poderão decidir novamente que preferem Joe Biden a Donald Trump. Mas se os EUA são realmente uma democracia, será permitido ao país fazer essa escolha livremente.
Jornalistes horrorizades
Na Foice de hoje, Lúcia Guimarães confirma que Schmitz é uma exceção. Em "O retorno de Trump seria um pesadelo do qual os EUA não poderiam se recuperar", ela deixa claro que em sua "democracia" ele nem teria direito a se candidatar, pois enfrenta acusações criminais e instigou um golpe de Estado (daqueles sem armas, você sabe como é).
Mas o que mais a irrita, percebe-se, é que os militantes de sua laia não têm mais poder. Revelando o que pensa sobre os eleitores, ela diz que os de Trump são "zumbis que caminham sonâmbulos para as urnas". Um zumbi é controlado por alguém. Se antes era por seus coleguinhas, por quem será agora?
Lúcia tem seus culpados. Um deles é o dono da Meta (Facebook), que na eleição passada não censurou Trump como ela gostaria e é acusado, ao estilo Janja, de ficar mais rico com isso. Naquela ocasião ela adorou o X (Twitter), mas agora, sabemos por outros artigos, trata Musk como o demônio em pessoa.
Se tivesse poder para tal, uma imbecil dessas só permitiria a candidatura de quem passasse por uma versão lacradora do Conselho Islâmico, cassaria o direito ao voto de milhões e censuraria a imprensa e as redes sociais. Ou seja, ela é uma petista. Estou exagerando? Veja este trecho do seu último parágrafo:
O país fecha o ano como um dos mais improdutivos na Câmara que, sob o controle dos republicanos, em vez de passar leis, parasitam como uma bancada de bolsonaros.
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