sábado, 9 de dezembro de 2023

Frutas podres

Vi ontem um trecho de um debate em que a Paula Schmitt falava de sua recente decepção com os colegas jornalistas que, quando não aplaudem, aceitam passivamente os ataques contra a liberdade de expressão e as arbitrariedades que, sob a ridícula desculpa do "excepcionalmente", se tornaram comuns nos últimos tempos.

Ela tem razão, é evidente. Um jornalista que defende a censura é tão estranho quanto um médico que torce para o paciente morrer. E o camarada fez um curso universitário, por mais fraco que o seu tenha sido ele teve acesso à educação e deve ser relativamente bem informado. Não tem a desculpa da ignorância.

Mas não é só o jornalista e não é só a Paula. Eu incluo muito mais gente e me sinto como ela. E nem falo da censura ou das barbaridades jurídicas, jamais me passou pela cabeça ver a indiferença, quando não o aplauso, ao que está sendo feito com as pessoas presas onze meses atrás, em 8 de janeiro.

Faça o teste, inverta as posições. Suponha, por exemplo, que aqueles petistas que "invadiram" Curitiba por ocasião do julgamento do Molusco - a maioria pessoas comuns, que discutiam conosco no Esgotão - tentaram libertar seu ídolo ladrão como prometiam, destruíram o prédio do tribunal e acabaram detidos pela polícia.

Você ficaria satisfeito se eles continuassem jogados numa cela quase um ano depois? Acharia correto que ele fossem julgados sem coisas como direito a apelação, acesso à filmagem dos eventos, individualização de conduta e defesa adequada? Festejaria caso os condenassem a penas de 15 ou mais anos de prisão?

Tenho certeza que não, nem o militante profissional que estivesse porventura infiltrado no grupo mereceria tanto. No entanto, você não cansa de ver comentários em que alguém comemora efusivamente a desgraça que se abateu sobre as pessoas presas no dia 8. E até a morte de uma delas.

Não é só a psicopatia do ministro que condena com prazer ou o cinismo da ministra que elogia o humanitarismo do colega. Não é só o jornalista fanatizado ou pago para defender a posição. Uma parcela da população pensa como esses caras, se identifica com eles, apoia o que eles fazem.

Quantos eles serão? Em pesquisa publicada hoje, o Datafolha diz que 27% da população apoia o verdugo STF. Mas o instituto sempre erra a favor da esquerda e muitos apoiadores nem devem saber o que o tribunal está fazendo com o pessoal do 8/1. Podemos dar um bom desconto nesse número.

Metade do Datafolha está bom. Teríamos pouco mais que 13% da população apoiando uma verdadeira tortura por motivos políticos, com plena consciência do que acontece. É uma minoria, evidentemente, mas ainda é muita gente malvada, muita fruta estragada no cesto do país.

Ah, sim, eles se justificam dizendo que os coitados queriam "dar um golpe". Invadindo um prédio com idosos desarmados?! Não lhe interessa, alguém lhes contou que essa era a intenção deles e esqueceu de acrescentar que, mesmo que fosse, esse seria um "crime impossível", figura prevista na legislação.

A burrice, nesse caso, anda de mãos dadas com a maldade.


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