Ainda o futebol. Acompanhei o jogo da última rodada no SporTV (Globo) e fiquei assistindo parte do seu programa de debates, Troca de Passes. Um dos temas era, evidentemente, a violência de torcedores do Santos após o rebaixamento. E, lá pelas tantas, um dos membros da mesa descobriu quem era o culpado por ela.
Fosse o ano passado, um Casagrande diria que isso era reflexo do governo Bozo e os demais balançariam a cabeça em concordância. Agora temos realmente um péssimo exemplo no poder, mas eles não morderiam a mão de quem lhes dá a ração. Em quem então colocariam a culpa? Quem levaria os torcedores a fazer essas loucuras?
Eles mesmos, os jornalistas esportivos. Segundo o defensor da tese, eles precisam começar a usar seu poder de influência sobre os torcedores para transmitir a ideia de que um rebaixamento é algo normal, deixando de se referir a coisas assim como uma tragédia irremediável.
Batam nimim, mas não batam no meu painho. Faço qualquer sacrifício pra não pensarem nele, nem as outras instâncias do poder público vou mais criticar. Não deixa de ser um pouco comovente essa demonstração de fidelidade.
Situação negra
Mão Negra era o nome da organização clandestina que assassinou o arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo, fato que contribuiu decisivamente para o início da Primeira Guerra Mundial. Outra Mão Negra dava nome ao método utilizado por mafiosos italianos para extorquir pessoas através de cartas ameaçadoras.
Negra também era a mão que segurava um detergente na escultura de plástico que a Ypê instalou numa rua de Salvador. O pessoal da empresa deve ter pensado: não vamos colocar uma mão branca para não nos acusarem de racismo numa cidade em que há um grande número de negros e pardos.
Pois uma imbecil, que se apresenta como "uma intelectual diferentona, mestra e doutora da UFBA", acusou a empresa de representar a mão de uma empregada doméstica negra que trabalharia para sua patroa branca, perpetuando a desigualdade e a violência dos tempos da escravidão e todo aquele blábláblá.
Outra imbecil, que ocupa o cargo de Secretária Municipal da Reparação (!), entrou em ação. Mandou retirar imediatamente a peça e, toda orgulhosa, escreveu nas redes sociais: "Racistas em Salvador não passarão!!! Removida."
Essa gente perdeu a noção das coisas. A professora, que deve ter empregada doméstica, não pensou que, como a maioria das pessoas não tem, a mão representava a própria patroa. A "mestra e doutora" seguiu como verdade indiscutível a primeira ideia que lhe veio à mente, sem um mínimo de reflexão.
A outra talvez nem acredite no que diz. Para justificar o desperdício de dinheiro público com seu cargo e sua secretária, deve passar os dias procurando o que reparar. Encontrou uma desculpa e saiu correndo para mostrar a importância do seu serviço.
De qualquer modo, não é surpreendente que o ex-presidiário tenha 70% dos votos num lugar assim. E o problema não acontece só lá. Uma mancha negra se espalha pelo país.
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