Sem futebol, meu grande motivador, deixei de ligar a TV nos últimos dias. Prestei atenção, perguntei. E descobri que ninguém mais a ligava. Audiência zero, já posso concordar com o cachaceiro que acha desperdício ter mais de um aparelho. Pelo jeito, vai longe o tempo em que era o máximo ter um em cada canto da casa.
Vídeos são vistos no Youtube ou equivalentes, o resto são as redes sociais. TV tende a ser cada vez mais um ponto para rodar o streaming, quando muito para ligar num canal específico nas opções via cabo. Mas a TV aberta sobreviverá por um bom tempo, principalmente entre as faixas de renda mais baixas.
Isso significa que ela ainda será usada para tentar conquistar corações e mentes em propagandas políticas explícitas ou "programas de jornalismo" parciais. E, conforme se torna proporcionalmente mais assistida por quem é teoricamente mais manipulável, seus apelos podem se tornar até piores, mais grosseiros.
Cerca de 10% de nosso eleitorado é constituído por analfabetos completos. O percentual de analfabetos funcionais é várias vezes maior. Esse é o público que o próprio ex-presidiário reconheceu recentemente ser o seu. Não deve ser mera coincidência que ele seja também o da TV aberta.
Eles devem censurar ainda mais as redes na próxima eleição. É um absurdo, é ofensivo esse negócio de um integrante do TSE decidir o que é verdade ou não. E é claro que qualquer 1% pode fazer diferença, mas na prática não muda muita coisa, o que eles gostariam de bloquear vai acabar passando. Onde eles mais influenciarão será na TV.
E os jornais?
Na contramão de tudo, Moisés Mendes está preocupado com os jornalões que passaram a "atacar" o maravilhoso governo do Molusco. Será que ele não lembra quem esse pessoal apoiou explicitamente na eleição? Bem, ele até reconhece que eles foram mais moderados, mas tem uma explicação para a mudança.
Na sua ótica, os jornais precisam de leitores, vivem deles. E o típico leitor de jornais é um alfabetizado da classe média que era conservadora e se tornou ultradireitista nos últimos tempos. Agora, para parar de perder assinaturas, seus antigos colegas de profissão precisam agradar essa gente, é uma questão de mercado.
É pena que o MM não nos brinde com uma explicação mais ampla para a parte realmente interessante do seu relato: Como milhões de conservadores teriam repentinamente se tornado fascistas? Mas, sejamos justos, nessa ela não está sozinho.
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