Demorou, mas aconteceu. Clezão, um cidadão cuja periculosidade pode ser facilmente aquilatada pela foto acima, morreu na prisão onde estava recolhido por ter invadido um prédio público durante protestos contra o que lhe parecia (como parece a quase metade da população brasileira) uma fraude eleitoral.
Não se sabe se ele realmente invadiu o prédio, se abrigou dentro dele por orientação das "forças de segurança" ou nem chegou a entrar. As imagens que comprovariam ou não sua culpa nunca foram apresentadas pelo cidadão cuja equipe trata com fidalguia as damas do crime organizado.
Se culpado, sua pena seria quase simbólica. Mas estava preso há quase um ano e seria julgado sem direito a dupla legislação, sustentação oral de advogado ou apresentação de provas individualizadas. E por "crimes" tão absurdos como tentativa armada de derrubar o governo sem indicação alguma da existência desse complô e sem armas.
Para culminar, ele tinha um problema de saúde que exigia há meses sua libertação. Mas esse pedido foi simplesmente desconsiderado pelo juiz responsável por esses casos, cuja ânsia de utilizá-los para destruir as vidas e as famílias de pessoas como o nosso Clezão salta aos olhos de todos.
Quando o Herzog e o Manuel Fiel Filho foram assassinados, o país se indignou com a maldade dos torturadores que agiram nos porões, longe dos olhos dos juízes que, mesmo naquelas condições, não costumavam compactuar com exageros e desumanidades. Hoje o sadismo está comodamente instalado em outras poltronas.
Imprensa canalha
Co-responsáveis pela situação absurda que estamos vivendo desde que um condenado em todas as instâncias técnicas foi retirado da prisão para assumir a presidência, nossos jornalões também validaram as arbitrariedades contra os detidos em 8 de janeiro, que chegaram a chamar até de terroristas.
Não tive estômago para ver os demais ou me interessar pelo que dizem em suas TVs. Hoje, lá no meio, o Ex-tadão ainda trata do assunto da morte, que, fosse Clezão militante da ideologia certa, seria chamada de assassinato político. Na Foice, entre colunas assinadas e reportagens diversas, absolutamente nada.
Pecado original
No fundo de tudo, a desconfiança, plenamente justificada, sobre um processo eleitoral que não pode ser auditado, pois se baseia apenas num programa de computador que, mesmo que se revelasse tecnicamente perfeito, poderia não ser o que foi efetivamente instalado em todas as urnas do país.
Bastaria cumprir o projeto original e imprimir o voto. A contagem física que confirmaria os boletins de urna poderia ser feita nas próprias secções eleitorais, rapidamente, como acabamos de ver na eleição de domingo na Argentina. Se poderia até filmar essas contagens com celular e jogar no Youtube para qualquer um acompanhar.
Se a impressora travasse, alguém roubasse a urna ou acontecesse algo parecido valeria apenas o resultado eletrônico. As exceções não mudariam nada. A grande diferença é que seria mais difícil um dos responsáveis pelo processo terminar dizendo, com orgulho, "nós derrotamos um dos candidatos".
Maldade
O título não se refere apenas aos responsáveis legais. Os comentários por aí mostram como muitos petistas festejaram a morte do Clezão e zombaram de sua memória e de sua família. Eles só não devem ter coragem de encarar a vítima e puxar o gatilho, mas seu espírito é o mesmo que animou o terrorista do Hamas na festa e no kibutz.
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