Ufa, fiquei mais tranquilo. O atual presidente do STF garantiu que veículos de imprensa só serão punidos pelas falas de seus entrevistados em casos grosseiros, em que forem detectados indícios de falsidade. Eles só querem pegar os malandros que inventam estratagemas para mentir e caluniar através de terceiros.
Uma das poucas coisas que deixa uma pulga atrás da orelha é que não existe uma definição precisa de grosseria. Pode ser que o próprio Barroso tenha mais facilidade para ver exagero em uma abordagem com a qual não simpatiza. E, inversamente, nunca considere suficientemente grosso algo de que goste.
A outra pulga é aquela que fica repetindo: "E a internet? E a internet?" Qualquer pessoa que tiver um canal no Youtube pode ser punida pelo que um convidado disser? Eles tentarão estender a medida às redes sociais, inviabilizando-as ao torná-las responsáveis por tudo que seus usuários publicarem?
Problema mundial
Mais afastada, observando o cenário inteiro, a terceira pulga pergunta quem é que pediu essas medidas, quer saber quem está preocupado com as manipulações de jornais e portais. As pessoas sabem que todos tentam eventualmente ludibriar os outros em algum grau, estão acostumadas desde a infância a lidar com esses males.
De onde vem essa crescente ânsia de controle? Ela não é uma exclusividade nacional, hoje mesmo se lê que o governo da Irlanda quer criminalizar a posse de material potencialmente ofensivo. Pela proposta, o usuário pode ser punido até por receber um meme, ainda que não o repasse a ninguém.
O Ocidente está cheio de escoteiros que querem ajudar a velhinha a atravessar a rua sem que ela, que talvez estivesse só olhando as vitrines, tenha pedido nada. Para esses meninos bonzinhos, quem argumentar que a senhora prefere caminhar sozinha só pode ser um desalmado da ultradireita ou coisa similar.
Esquecidos
Caetano Veloso está pedindo indenização a Marco Angeli. O artista publicou uma charge em que o esquerdoso segura um cartaz que diz "eu sou um merda" e o cantor viu a chance de levantar mais uma graninha (10 k) na maciota. Mas isso já é normal, a notícia é outra.
Angeli conta que relatou o fato à menina que vende cigarros. E ela, do alto dos seus vinte anos, perguntou quem era o tal Caetano. A história continua com a constatação de que essa é a regra, não a exceção. E isso com Caetano, que ainda vive na mídia, imagine com, por exemplo, um Ivan Lins ou um Benito di Paula. Para o bem e para o mal, esses caras não existem para as novas gerações.
Homenagem
Na imagem acima, reproduzimos a homenagem da Revista Oeste àquele que contribuiu decisivamente para que medidas como a inicialmente citada possam ser levadas cada vez mais longe com o valioso apoio do Poder Executivo. Nossos parabéns ao heroico isentão.
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