sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Os soberbos

Não foi do dia para a noite. Os membros do STF (os que contam) não se tornaram repentinamente essas pessoas arrogantes que se consideram no direito de interferir nas eleições e nos outros poderes, mas não admitem que estes interfiram no seu, mesmo quando o fazem respeitando rigorosamente as leis escritas.

As escritas. Hoje, na prática, existem dois tipos de lei: as redigidas pelos representantes eleitos pelo povo e as inventadas de afogadilho pelos membros do STF (os que contam), que podem mudar a cada novo julgamento e devem apenas manter uma semelhança superficial com as primeiras.

O monstro não pulou a janela inesperadamente, foi levado ainda bebê para dentro de casa e cuidado com carinho por muita gente, particularmente pela babá imprensa, mocinha safada que fazia a patroa opinião pública se distrair com outra coisa para esconder seu caso com o patrão estuprador de democracias.

Aquela chatice escrita proíbe diferenciar as pessoas pela cor. Mas aquele pequerrucho das quotas raciais é tão engraçadinho, vamos dizer que ficaremos com ele só dez anos e depois voltaremos a cumprir a lei! Só que não voltaram. Pelo contrário, esse foi só um exemplo, foram acumulando exceções, se acostumando a aleitar monstrinhos.

Agora estão desse jeito. Comportam-se, como bem observado nos comentários de ontem, como o Sogro de Araraquara que, caminhando de camisa na mão, sem vergonha alguma de suas bandalheiras, grita na rua contra o genro tranqueira que não abasteceu o carro antes de ir com ele para o motel.

Pressões

A conta é simples. Se você quiser ser governador ou senador e não for reconhecido como alguém de esquerda, já pode esquecer aqueles 20% de eleitores que, de alguma maneira, mais conscientemente ou nem tanto, acabam sempre votando nos candidatos desse campo.

O problema é que tem pelo menos mais uns 20% que acompanham o que acontece e podem marcá-lo como inimigo (e relembrar isso na eleição pelas redes) se você pisar na bola em certos temas. Se desprezar esse público não tendo o outro, você se reduz a dividir os 50 ou 60% que sobram com outros candidatos.

Esse é o cálculo do Pacheco, que pretende se manter senador ou virar governador. A opinião pública já o incomodava, não lhe deixavam nem comprar pão no domingo sem lhe cobrar uma atitude. Os marqueteiros devem tê-lo avisado, alguma coisa ele tinha que fazer contra os desmandos do STF.

Mas essa não é, ao que parece, a conta do Lira, que está muito bem como deputado. Mesmo que ele queira ser governador ou colocar alguém da família no cargo, o eleitorado alagoano não é o mineiro. E, pelo menos por enquanto, não existe muita opção à direita por lá. Entre a turma dele e a do Renan...

Creio que ele só pautará a mudança sobre o funcionamento do STF em breve se houver uma grande pressão das bancadas certas. O momento é bom para exercê-la porque há muita coisa para votar e pouco tempo até o recesso de fim de ano. Vamos ver o que vem por aí.

De qualquer modo, a pior hipótese (do adiamento) me lembra a do impeachment da Jumenta. Quando o STF manobrou para adiar o processo que deveria ser concluído no final de 2015, a imprensa petista festejou dizendo que a coisa tinha terminado e o novo ano traria um novo tempo. Trouxe as manifestações gigantes de 2016.


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