De repente, a terra se agita. O Senado aprova uma mudança relativamente pequena, mas os atuais membros do STF a tratam como o boi na frente da boiada e reagem com ameaças típicas de quem está assustado sem que a grande imprensa saia a defendê-los como antes. O que terá acontecido?
Será tudo um grande teatro? É difícil dizer, quando se trata dessa gente, o que rola nos bastidores. Podemos estar frente a um imenso telecatch ou não. Mas, mesmo que estejamos, por que eles teriam dado início ao espetáculo neste momento?
Existe a pressão sobre deputados e senadores. Seja às ganhas ou para fingir que tentaram, eles precisavam fazer alguma coisa para poder comprar pão sem que os olhassem de cara feia na padaria. Defender o STF só da popularidade entre petistas, se der. Porém, a questão permanece: por que agora?
Imaginei duas possibilidades.
A primeira é a morte do Cleriston, moralmente assassinado por todos que fizeram parte dessa absurda tentativa de criminalizar uma opção política legítima. Se os políticos tivessem agido antes ele estaria vivo. Se a imprensa não inventasse que uma invasão de prédio é golpe ele estaria vivo. Se o STF não tivesse feito o que fez ele estaria vivo.
Claro que não se trata só dele, todas aquelas pessoas presas devem ser anistiadas. Mas a sua morte aumentou as pressões sobre os políticos e (creio) assustou um pouco a imprensa. A medida do Senado aliviou a pressão e o noticiário sobre o STF acuado fez o maior vilão apanhar por outro motivo, desviando as atenções.
A outra possibilidade diz respeito à situação internacional. Nada a ver diretamente com a guerra. Algo a ver com as pesquisas que mostram a imprensa cada vez mais desmoralizada e Trump mais forte nos EUA. Um tantinho mais com o holandês de cabelo estranho e partidos como o dele crescendo na Europa. E muito mais com o Milei.
Talvez os caras tenham percebido que barrar uma linha política cada vez mais popular já é diretamente impossível. Mentir que seus adeptos são nazistas não está funcionando. Se juntar contra ela só a deixa livre e solta junto a seu eleitorado potencial e confirma seu discurso contra o sistema (a "casta" de Milei).
Pois na Argentina eles fizeram diferente. A grande imprensa de lá não o acusou de monstro extremista. E, como já discutimos, Macri e Bullrich se uniram ao novo, se mesclaram com ele, dividirão o poder com ele.
Imaginemos que Doria continuasse sendo o Bolsodoria e o STF tivesse se limitado às suas funções. Ele e Bolsonaro estariam terminando o primeiro ano de seus segundos mandatos e, mais do que Tarcisio é hoje, o governador estaria sendo um dos nomes mais cotados para suceder o presidente em 26.
Mesmo que o candidato ungido por Bolsonaro fosse outro e acontecesse uma divisão, o tucanismo que tanto agrada à casta estaria vivo e popular. Só estaria mesclado ao fato novo que, como massa de pão, quanto mais se bate mais cresce.
E tudo sem o imenso estresse que a atual ditadura tem causado.
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