sábado, 11 de novembro de 2023

Do mar ao mar

É evidente que o embaixador vai dizer que se reuniu com Bolsonaro por acaso e tudo o mais, mas até as pedras devem imaginar que o governo de Israel participou da armação para aplicar uma lição aos amigos de terroristas liderados pelo pretensioso que nunca passou de um anão diplomático.

Nanico em termos éticos e internacionais, porém gigante quando se trata do que não presta. O sujeito deve estar se retorcendo de ódio enquanto analisa as possibilidades de vingança que assessores tão rancorosos quanto ele fazem questão de elencar. No radar dos doentes, está até mesmo o rompimento de relações com Israel.

Bolívia, Chile e outros países governados por esquerdistas em nossa região já romperam, por que o Brasil não poderia fazer o mesmo? Teria Israel cutucado a onça com vara curta, sem pensar nas consequências de seus atos? Que garantia os israelenses podem ter de que não ganharão mais um inimigo oficial?

Há mais de uma, mas a principal são as dezenas de milhões de eleitores que dão importância àqueles antigos textos em que está dito que a terra que deve ir do rio ao mar (e até um pouco mais) é a do próprio Israel.

O "temos que falar com os evangélicos", que os lulopetistas repetem sem sair da estaca zero, já poderia ser emendado pelo "e com os adeptos do catolicismo mais tradicional, que cresce dentro do segmento que decresce". Entre esse público, que agora se preocupa com política, são imensos o apoio e a simpatia a Israel.

Um rompimento de relações seria um presente dos céus para a direita brasileira, cuja chance de voltar ao poder e nele se consolidar está indissociavelmente ligada aos costumes e à religião. Um direitista ao estilo MBL, com cabelo lambido no gel e voltado para questões jurídicas e econômicas, não tem a mínima chance de chegar lá.

Sabendo disso, o lulopetismo jamais nos faria esse favor. Já lhe basta o trabalho interno de conter o estrago causado pelos militantes que não conseguem esconder seu apoio ao terror palestino. Claro que o embaixador não vai abusar, mas Israel pode sambar em cima da cabeça do desgoverno sem receio de que nada mais grave aconteça.

Por que os outros não se preocuparam?

Talvez não seja exagerado dizer que, nesse assunto, nossos vizinhos serão o Brasil amanhã. Na Bolívia, quando a esquerda foi apeada recentemente do poder, a turma que entrou levava uma Bíblia na mão, no melhor estilo evangélico. Acontece que, embora esteja crescendo, esse movimento ainda é relativamente fraco por lá.

No Chile, entre 2006 e 2019, os católicos passaram de 70% para 45% da população enquanto os evangélicos foram de 14% para 18% (25% nas classes mais baixas). A influência desse público é incipiente, mas o desprezo aos seus valores pode se dever antes de tudo à inexperiência do garotão socialista.

Como regra, o que acontece no Brasil vai se repetindo por toda a América do Sul. Se aqui os evangélicos e católicos tradicionalistas serão maioria nesta década, nos demais devem ser em mais algum tempo. É possível que nós em breve venhamos a ser um continente em que eles predominam do mar ao mar.

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