terça-feira, 24 de outubro de 2023

Reconhecimento internacional

Depois do "nós derrotamos Bolsonaro", o "nós precisamos reconquistar corações e mentes". Em evento realizado na tarde de ontem, Barroso reclamou que os ingratos não reconhecem os serviços prestados à sociedade pela atual composição do STF, cujos atos salvaram milhares de vidas durante a pandemia e também a democracia.

Dá até peninha. Mas o ministro devia compreender que os comuns não temos a mesma capacidade de prever o futuro. Os supremos conseguem ver pessoas morrendo como moscas pelas ruas e os japs chegando a Pearl Harbor, nós só vemos uma gripe forte que passou como outras e velhinhas com Bíblia reclamando de uma fraude eleitoral.

O mesmo vale para o devido processo legal, a liberdade de expressão e direitos equivalentes. A gente imaginava que aquilo que estava escrito era o que valia e os integrantes do tribunal eram tão obrigados quanto qualquer outro a subordinar suas preferências partidárias e opiniões particulares à lei, não o contrário.

E é óbvio que nós somos "manés" cuja função é apenas pagar impostos para sustentar festas de posse e mordomias diversas, mas há outros que pensam como nós, aqui e no exterior. Foi o que disse ontem a juíza compulsoriamente aposentada Ludmila Lins Grilo, utilizando-se de redes sociais ainda não caladas pelo democrático tribunal:

A suprema corte brasileira está definitivamente na boca dos gringos, e não é em citações elogiosas. Imagine só você levar a vida mentindo para si mesmo que é o amado togado do povo, depois tocar o terror censurando e prendendo quem ousar dizer o contrário, pra chegar lá fora e estar todo mundo falando que você é um tiranete criminalizador de discurso político!

Tanto esforço em trabalhar uma imagem de "fiador da democracia", pra no final ser reconhecido como censurador da nação... que várzea! Os caras forçam uma barra monumental achando que dizer a palavrinha mágica "democracia" nove em cada dez frases irá salvá-los da suprema vergonha. Pode até funcionar com os baba-ovos de redação chapa-branca, mas na gringa tá nem aí para ministro bostileiro. Lá fora, a parada é diferente.

E aí Ludmila conta que dezenas de intelectuais de vários países se reuniram em Londres para discutir o declínio da liberdade de expressão pelo mundo. Segundo acrescenta a Gazeta do Povo, os organizadores fizeram questão de selecionar um pouco mais de pessoas de esquerda, linha política que mais defende a censura.

Assim, lá se manifestaram os brasileiros Leandro Narloch, Eli Vieira e Ana Paula Henkel, o nosso conhecido Glenn Greenwald e figuras como Richard Dawkins, Steven Pinker, Edward Snowden, Julian Assange, Michael Shellemberger (um dos responsáveis pela iniciativa), Tim Robbins, Oliver Stone e Slavoj Zizek.

As conclusões do encontro foram expostas na Declaração de Westminster, publicada dias atrás. A Gazeta abriu espaço para que o próprio Eli Vieira comentasse o tema aqui. A Foice deu uma notinha num canto, Globo e Ex-tadão se calaram. Mas deixemos os temas jurídicos para quem é do ramo. Conta aí pra nós, Dra. Ludmila:

O documento traz a preocupação com o abuso linguístico, mais especificamente quanto à indefinição da palavra "desinformação". Afirma que essa terminologia é imprecisa e está sendo utilizada de forma maliciosa para calar dissidentes, por meio de um "Complexo Industrial de Censura", formado por uma coordenação em larga escala entre governos, empresas de mídia social, universidades e ONGs.

Aí é onde entra a corte bananeira: no sexto parágrafo, são citados casos concretos de imposturas governamentais que estão ocorrendo em vários países contra a liberdade de expressão. E adivinhem quem é citado nominalmente? Pois é! Sem meias-palavras, o documento diz que o Supremo Tribunal Federal do Brasil está "criminalizando o discurso político".

Vale lembrar ainda que, por três vezes, o New York Times fez matérias citando o STF (e, especificamente, Moraes) com preocupação quanto ao autoritarismo e a truculência censória. O jornal australiano Spectator desnudou "a instalação de uma brutal ditadura no Brasil", citando Moraes, Lula e até mesmo - pasmem! - o CNJ. O La Gaceta de la Iberosfera também já mencionou expressamente a ditadura judicial brasileira para a comunidade latina.

Alguém avise aí ao Sr. Alexandre que o teatrinho de fiador da democracia não cola na gringa, e que essa falsificação de Estado de Direito que ele cinicamente tenta sustentar está sendo exposta. O STF já é vergonha internacional - e será ainda mais. Em breve, as democracias no planeta compreenderão exatamente o fenômeno da ditadura judicial que ocorreu no Brasil, que passará a ser utilizado como exemplo mundial do que jamais deveria ser uma suprema corte.

Eu acho que isso só seria bem conhecido lá fora se alguém se baseasse nos fatos para fazer um filme em tom de sátira. Mas quem sabe a juíza tem razão. Quanto ao Barroso, é capaz dele ainda usar essas coisas para justificar mais viagens e propagandas. Afinal, agora eles também precisam conquistar corações e mentes no exterior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário