Mais do que ser e parecer honesta, a mulher de César precisa ser ouvida. Afinal, se tivesse dado atenção a seus sonhos premonitórios, ele não teria ido ao Senado naquele dia fatídico e viveria para conquistar o resto do mundo. Uma lição que não deve ser esquecida e pode ser facilmente adaptada a outros contextos:
- Não vá, não vá! - Robinson acordou gritando.
- Que foi amor, teve um pesadelo? - ele respondeu recostado ao lado, retirando a seguir o notebook de cima do generoso ventre e virando-se com a habitual dificuldade para dar atenção ao companheiro.
- Não vá, eu vi, foi horrível, esse pessoal da oposição vai lhe matar se você for. A convocação é uma armadilha, não vá!
- Imagine, querido, não se preocupe. Além dessas coisas não acontecerem mais hoje em dia, eu vivo cercado de seguranças. Venha cá, se aninhe aqui nas fofurices do seu fofucho e fique tranquilo, foi só um sonho ruim.
- Não foi, foi mais, nós, cujo lado feminino é mais desenvolvido, temos essas intuições. Eu nunca lhe pedi nada, nem mesmo pra você me assumir. Mas agora eu peço: Haja o que houver, não vá! Pelo que lhe é mais sagrado, não vá! Não vá!
E tanto insistiu que ele não foi. Mas pensou. César, morrendo de facada ou de velho, entraria igual para a História. Ele não, com tudo correndo nos conformes não poderia almejar muito mais que se tornar nome de rua na cidadezinha natal. Por outro lado, assassinado pelos fascistas no templo da democracia, seria lembrado para sempre, viraria estátua, talvez até feriado nacional.
A glória eterna estava ali, ao seu alcance, e ele conscientemente a recusava. Um pouco por instinto, é verdade, a parte de morrer cedo não era tão convidativa. Mas muito mais para não deixar Robinson, sempre tão frágil e dedicado, sozinho no mundo. Ah, o amor. Do que a gente às vezes não abre mão por amor?
Conforme o desgoverno afunda, a sua imprensa lança novos "escândalos" sobre Bolsonaro. Um dos últimos é que cerca de 200 mil registrados no Cadastro Único (beneficiários de algum programa de ajuda governamental) teriam enviado, na campanha via PIX, pouco mais de 2 milhões de reais para o presidente.
Muita gente que precisou de ajuda na pandemia pode estar hoje em condições de fazer doações generosas. E a média geral é baixa. Pensar que Bolsonaro se combinou com 200 mil pessoas para cada uma lhe devolver 10 reais do auxílio é de uma jumentice que não se esperaria encontrar fora da área de comentários de um Esgotão.
Porém, parece que a turma da Globo News discutiu a sério essa possibilidade! Como castigo, as redes relembraram que, tão logo receberam a primeira parcela dos 600 reais de auxílio da pandemia, milhares de pessoas tiveram descontados mais de 200 reais por uma assinatura anual de streaming da Globoplay.
Não sei exatamente como a emissora teve acesso aos cadastros e muitas vezes o assinante era uma criança que estava trancada em casa e queria ver o Big Brother. O fato mais grave é que, bombardeada por ligações de pais de família que pediam o cancelamento, a emissora tomou providências ao seu estilo.
Para dificultar o reconhecimento da despesa, ela mudou o código da cobrança de "Globo" para algo como "34415 - debit autor". E fez isso apenas para extratos da Caixa, para não perder o dinheiro do auxílio emergencial. Aquele que se tornou necessário devido ao "fique em casa" que a tantos prejudicou e a emissora tanto defendeu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário