segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Filho feio não tem pai

Para o Milei por enquanto não deu, sua votação estacionou nos cerca de 30% que já haviam sido obtidos nas primárias. Mas Super Girl protegerá os hermanos. Nossa candidata Lilia Lemoine elegeu-se deputada pela Província de Buenos Aires, combatendo os arqui-inimigos e causando polêmica até o último instante.

No momento de votar, ela disse ter encontrado cédulas com o nome de Milei rasuradas ao lado de outras com o nome de Massa, saiu da parte protegida para reclamar com seu voto aberto na mão, o presidente da seção declarou que iria anulá-lo, ela tentou colocar o voto na urna e foi impedida... Um barraco.

Mais um. Seu anunciado projeto de paternidade alternativa - a mulher pode abortar, o sujeito poderia dizer que não quer se pai - foi explorado nos últimos dias de campanha por aquela imprensa que acusa os libertários de serem tipos estranhos que acreditam que a terra é plana etc. Tudo no padrão que já conhecemos.

Pois muitos libertários compraram ontem a narrativa, atribuindo a derrota no primeiro turno à excêntrica proposta da agora deputada. Numa das respostas, ela disse que a liberação para a venda de órgãos humanos, o rompimento com o Vaticano e outras ideias do próprio Milei eram tão inusitadas quanto as suas. E a discussão instalou-se.

A troca de acusações continua pelas redes, sem que alguém assuma ter errado. De filho feio como a derrota, ninguém realmente quer ser pai.

Segunda vuelta

Resumidamente, o governista Massa ficou com quase 37% dos votos, Milei com 30%, Bullrich com 24% e os outros dois candidatos menores, ambos esquerdistas, com quase 10%. Num mundo ideologicamente simples, Massa passaria para quase 47% e Milei venceria o segundo turno com quase 54%.

O problema é que os 10% que votaram nos dois pequenos tendem realmente a ir de Massa no segundo turno, mas o mesmo não se pode dizer de quem votou na Bullrich, que é a turma do Macri, uma espécie de oposição tucana, que pode acabar se dividindo entre a oposição ao peronismo e o horror a quem fala muitos palavrões.

Mas me parece que a chance do Milei está justamente na necessidade de trazer esse pessoal para o seu lado. Para chegar a um acordo com essa turma, ele terá necessariamente que abrandar certas posições mais polêmicas. E isso pode ser bom, pois, talvez por influência dos marqueteiros enviados para lá pelos petistas, parece que os esquerdistas souberam explorar esses detalhes junto à população.

A justificativa de que é necessário ceder espaços a quem teve votação equivalente a 80% da sua é perfeitamente razoável. E, nesse embrulho, dá até para escolher tudo o que pode ter pegado mal e descartar.

Além dos votos "macristas", existem os dos 26% que não apareceram para votar. Nunca houve uma abstenção tão elevada e nada impede que ela diminua na eleição decisiva. Massa saiu na frente e parece bem, mas o jogo ainda pode virar.


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