As pesquisas dizem que dificilmente deixaremos de ter segundo turno, que na Argentina se chama balotage. Mas isso é duvidoso porque, desde que passaram no vestibular de sociologia e começaram a andar todas juntas com boné do Che Guevara, as pesquisas começaram também a errar para um dos lados.
Assim, é perfeitamente possível que Javier Milei vença a eleição hoje mesmo, em primeiro turno. Lá é um pouco diferente, não é preciso metade mais um dos votos válidos. O primeiro colocado pode se eleger direto com 45%. Ou com 40% e uma diferença de pelo menos 10 pontos percentuais para o segundo.
Se vencer, como ele, um outsider sem uma forte coalizão política organizada por trás, formará seu governo? É o que perguntam os que veem com uma espécie de Collor. Mas diziam o mesmo de Bolsonaro e ele se virou muito bem, sem ceder ministérios e a maioria dos cargos decisivos a aliados de ocasião.
Bolsonaro tinha os militares, com quem formou uma estrutura de controle que evitou desvios durante todo o governo. Lá eu não sei, mas aposto que Milei já reconheceu o problema e sabe como resolvê-lo. Se ele for eleito, creio que a nossa imprensa esquerdista quebrará a cara mais uma vez.
Não que isso faça diferença, pois o criticarão do mesmo modo. Candidatos como Milei, Bolsonaro e Trump são vistos por essa turma como bárbaros capazes de destruir a civilização, que é como eles entendem o jogo de cartas marcadas em que os donos do banquete lhes deixam rodear a mesa e pegar as migalhas que caem.
Na Foice de hoje, em cuja capa virtual as referência ao ex-presidente vencem novamente as feitas ao ex-presidiário, Celso Rocha de Barros diz que Milei tenta ser tão ruim como Bolsonaro. Na de ontem, Hélio Schwartsman mencionava os três malvados e afirmava que o nosso deixou um rastro de desastres institucionais.
Até que Helinho está certo se você considerar as censuras, os inquéritos secretos, as prisões por opinião e tudo o que a turma do "nós derrotamos Bolsonaro" fez contra este na última eleição. Mas o bobão deve achar tudo isso democrático. Autoritário para ele é não roubar, defender a liberdade e zoar jornalista idiota de vez em quando.
Com gente dessa laia torcendo contra Milei, você já torce a favor. Viva la liberdad, carajo!
O preço da desonestidade
Nos grandes jornais argentinos não é assim, eles ainda não chegaram ao nível de degradação que os nossos copiaram dos norte-americanos, onde os caras chegam a discutir abertamente se Trump deveria ter o direito de se candidatar ou qual seria a melhor estratégia para colocar o leitor contra ele.
Qual é o resultado disso? Na mesma Foice, Nelson de Sá cita aquela que, nas palavras do instituto, é "a avaliação da mídia mais sombria da história do Gallup". Inquiridos sobre o seu grau de confiança na mídia de massa, os entrevistados responderam: Nenhum, 39%; não muito, 29%; uma quantidade razoável, 25%, muito, 7%.
Nelson dá o link para a pesquisa. E lá se pode ver que, quando se divide o público de acordo com suas preferências eleitorais, a "média de confiança" (soma de confiança razoável e muita confiança) é de 58% entre os democratas, 29% entre os independentes e incríveis 11% entre os republicanos.
É o preço que esse pessoal paga por sua desonestidade. E por sua burrice, pois ofender o eleitor de quem eles não gostam e afrontar os fatos no momento em que as pessoas têm outras fontes de informação pode ser tudo, menos uma estratégia inteligente.
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