As duas linhas pretas com setas são rotas marítimas que se abrem a uma navegação cada vez mais normal. Num rápido exemplo de seu impacto, a do lado euroasiático pode ser um dos motivos pelos quais a China parece ter desistido do canal que bancaria na Nicarágua para chegar mais facilmente à Europa.
Tem sentido, construir um canal quatro vezes mais extenso que o do Panamá sairia uma fortuna enquanto o novo caminho só custa esperar o progressivo degelo do Polo Norte. Ou tem seu custo diluído por toda a humanidade, se você considerar que esta é a responsável pelo aquecimento das últimas décadas.
Ao passar pela Suécia, o navio chinês pode até apitar para saudar a Greta e lembrá-la que um planeta mais quente também tem suas vantagens. Ela não pensa nisso no quentinho da residência confortável com calefação moderna, mas, no mundo todo, morrem quatorze vezes mais pessoas de frio que de calor.
Num mundo mais quente, o russo não ganhará apenas o benefício de cair na rua ao lado da garrafa de vodca e acordar vivo no outro dia. Além de desenvolver o norte do país como um todo, mais alguns poucos graus no termômetro permitirão que vastas áreas da sua região sul passem a ser utilizadas para fins agrícolas.
Mais ao sul, na Ásia Central, o derretimento do gelo das altas montanhas resultará em rios mais caudalosos e facilitará a irrigação das plantações. Isso pode causar inundações, mas os males destas podem ser previstos e o importante é que a chuva tende a aumentar e se distribuir mais amplamente, beneficiando regiões hoje áridas.
No mar, é verdade que os peixes estão diminuindo de tamanho como dizem os alarmistas. Mas a verdade inteira é que as espécies mais encorpadas (e mais pescadas) diminuem enquanto as pequenas se tornam mais numerosas. É aquela história, precisou os dinossauros morrerem para os nanicos tomarem conta do pedaço.
Aliás, falando nessa escala de milhões de anos, a norma desse planetinha é ser gelado, é nos chamados interglaciais que nós e os dinossauros vamos nos virando. E, considerando os períodos anteriores e a distância que nos separa da última era do gelo, nós já deveríamos estar entrando em outra fria.
Deveríamos. Segundo um estudo publicado na revista Nature por uma equipe do Instituto Potsdam de Pesquisa do Impacto Climático da Alemanha, graças ao aquecimento provocado pelo homem (e a uma pequena e inesperada excentricidade na órbita da Terra), a próxima era do gelo deve ser adiada em incríveis 100 mil anos.
Ou seja, nossa tão criticada sociedade de consumo salvou a humanidade. Gastando gasolina sem necessidade e deixando as luzes da casa todas acesas, nós adiamos o problema pelo tempo suficiente para que a tecnologia chegue ao ponto em que se conseguirá controlar o clima do planeta como quem ajusta o ar-condicionado.
Lembre-se disso com orgulho quando estiver bem velhinho, sentado no banco da praça. Então, quando aquela antiga vantagem do calor se manifestar e as meninas passarem com as roupas curtinhas que serão moda na estação, é possível que seu sangue já ferva apenas pela temperatura. Mas você ainda poderá se virar para o colega e dizer:
- Este verão vai ser uma loucura!
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