sábado, 2 de setembro de 2023

Fingindo de novo

Mais agitadas do que em manifestação ao lado de petistas contra Bolsonaro. Foi como ficaram as hostes emebelistas com a pesquisa (do Datafoice) em que seu líder máximo estaria com 8% de apoio entre o eleitorado paulistano. "Se começa assim, imagine na eleição", disseram na cidade de Celso Russomano.

Bom, eu acho que a candidatura do Kim a prefeito é como a quebra de sigilo dos PIX para Bolsonaro. Eles sabem que o sujeito não iria esquentar dinheiro sujo quando estão de olho nele e apenas comprovariam que foi o povo quem o apoiou. Mas, ameaçando quebrar o sigilo, transmitem a impressão de que ali pode haver alguma coisa.

Ou seja, Kim não está minimamente interessado em ser prefeito. Como deputado, ele pode ficar apresentando projetos e dizendo que tudo é fácil e o governante não faz o ideal porque não quer. Como candidato ele pode continuar dizendo, mas como prefeito o videogame se tornaria real e seu movimento perderia o discurso de pureza.

Ele quer ganhar visibilidade, eleger um ou dois vereadores, essas coisas. Convencer seu partido a lhe dar a candidatura seria uma vitória. Não convencer auxiliará o discurso de que o MBL deve ter seu próprio partido, verdadeiro objetivo dos dirigentes que passariam a viver comodamente disso como o Rui Costa Pimenta.

Mas, se quisesse, poderia ganhar? Em princípio, Boulos vai levar o eleitorado mais à esquerda e Ricardo Nunes tem a máquina na mão, mas não entusiasma quase ninguém à direita. Mesmo sem experiência administrativa, Kim poderia entrar nessa brecha e crescer entre esse eleitorado... se fosse visto como alguém desse campo.

Ele teria chances se, mesmo mantendo o discurso de que Bolsonaro tem mil defeitos, não tivesse colaborado para a vitória do lulopetismo na última eleição. Claro que nem todo o eleitor que foi de Bolsonaro em 22 pensa assim, mas o número destes é suficientemente grande para assegurar que ele não chegue a um segundo turno.

Kim vai continuar fazendo o seu teatro, mas sabe que não tem chance de se eleger. O máximo que pode conseguir é aumentar sua influência entre pessoas que naturalmente votariam contra a esquerda e, no segundo turno, auxiliar indiretamente o Boulos lhes recomendando votarem nulo ou em branco.

É a linha auxiliar do petismo em ação novamente.

Como curiosidade, na eleição presidencial do ano passado, cerca de 20% do eleitorado da cidade de São Paulo não compareceu às urnas no segundo turno. Entre os que votaram, o presidiário venceu o Capita por 400 e poucos mil votos. E a soma de brancos e nulos passou um pouco de 500 mil. Coincidências.


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