quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Data vazia

Como mostra a imagem acima, relativamente recente, muitas cidades do interior ainda devem festejar o 7 de Setembro com aqueles desfiles de escola com banda marcial, balizas (espécie de cheerleaders brasileiras em certa época), estudantes marchando atrás e familiares aplaudindo na calçada.

Mas desfile mesmo é o militar, tanto que, mesmo no passado, nas cidades em que havia quartéis, a molecada saía uma semana antes para deixar a data principal livre para a cavalaria, as peças de artilharia e os soldados que marchavam de verdade. Até os antigos pracinhas tinham seu espaço na ocasião.

Depois os pracinhas foram se tornando raros e os desfiles esvaziados. Em parte pelas mudanças culturais, em outra de propósito, por ação de forças políticas que os associavam ao regime militar e aplicavam às FFAA aquele ditado que alguns aplicam às mulheres: não se pode viver com elas, não se pode viver sem elas.

Sempre houve público para os tanques e canhões, mas ninguém tem dúvida de que os desfiles e as cores nacionais só recuperaram (superaram?) o apoio popular do passado com o movimento pelo impeachment da estocadora de vento e, principalmente, com a presidência de Bolsonaro.

Hoje, porém, ao que tudo indica, o esvaziamento será a norma. É claro que existe pai que levará o filho para ver os soldados e coisas do tipo, mas, com os grandes inimigos dos dois eventos citados no poder, as avenidas tendem a estar mais vazias do que nunca. E não só de gente.

Os petistas podem até arrumar um público artificial nos lugares mais importantes, basta-lhes constranger funcionários públicos ou acionar o esquema sanduba+trintão. Mas seu "resgate" do verde e amarelo será sempre fingido, superficial. Eles passaram anos odiando essas cores e isso não muda porque o chefão ordenou.

Ter instalado isso na mente deles foi uma vitória que não pode ser rapidamente revertida e independe de eleições conduzidas por juízes parciais. Eles fingirão hoje, mas nenhum comprará uma camiseta da seleção amanhã. E bastará que saiamos às ruas outra vez (no próximo mês ou no próximo ano) para que isso fique evidente.

Globo

Tenho curiosidade em saber como será a cobertura das Globo da vida. Falarão o mínimo possível do assunto? Farão aquelas imagens fechadas para tentar dizer que o povo ocupou as ruas? Reunirão depoimentos de populares emocionados com o fato da data ter sido "resgatada"? Quem tiver estômago para assistir depois me conte, por favor.


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