Na última Oeste, J. R. Guzzo assinala que o grande inimigo da dupla caipira Condenado e Juiz (e de sua fiel assessoria de imprensa) não é a "extrema direita", as "fake news" ou alguma outra bobagem utilizada para justificar suas arbitrariedades, mas o pensamento, a utilização da capacidade de racionar.
Eu avançaria um pouco para dizer que ainda mais irritante para essa gente é a insistência em raciocinar. Na sua cabeça, deveria bastar-lhes inventar uma história qualquer e propagá-la pela sua imprensa amestrada para que todos passassem a repeti-la. E depois seria só repetir a dose com algumas variações, mais algumas vezes.
Com alguns funciona. Nós já fomos até criticados pela insistência em continuar pensando depois de "tantas notícias" contra o inimigo maior do consórcio. Para quem utiliza esse tipo de argumentação não é necessário apresentar acusações consistentes, mas apenas acumulá-las em rápida sequência.
Se grande parte da imprensa diz insistentemente deve ser verdade, nem é preciso analisar o que é dito, é a lógica desse tipo de pessoa. Para outros não é a imprensa que cumpre esse papel, mas os juízes, os órgãos de classe ou qualquer coisa do tipo. Se a "otoridade" disse, você está dispensado de raciocinar.
O que eles não entendem é que, para quem está do outro lado, essa subordinação é absurda, uma espécie de ofensa que a pessoa comete contra si mesma. E como, pelo menos por enquanto, nós não estamos sob uma ditadura total, uma parte menor da imprensa e milhões de indivíduos continuam a pensar e a dizer o que pensam.
Isso muito irrita os que imaginavam que obteriam uma concordância quase absoluta. Mas o interessante é que eles não encontram outro remédio para a "doença" e repetem a mesma dose da receita com as citadas variações (lavagem de dinheiro com imóvel do primo em 1990, duas quadras da loteria etc).
Será que isso adianta? Será que a cada nova acusação eles convencem mais alguém? Me arrisco a dizer que o efeito obtido é muito mais o contrário. Quem caiu na sua conversa inicial já foi conquistado. Mas os que não acreditaram no golpe das idosas desarmadas dificilmente cairão no embuste do relógio devolvido que foi roubado.
Na prática, esse pessoal só se desmoraliza frente ao público que continua a raciocinar, que por sua vez também costuma se irritar com essas reiteradas tentativas de tratá-los como imbecis.
A Canhotede entra aqui como exemplo por ter dito, em sua última coluna, que a próxima "frente de trabalho" da sua turma poderá envolver a possibilidade de tratar os 17 milhões depositados para Bolsonaro como lavagem de dinheiro. Qual dinheiro foi roubado para ser lavado? Como ele colocou 800 mil pessoas no esquema? Isso eles devem ver depois, o que importa é ter algo para falar.
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