O pior é o baixo nível intelectual. Que grupos políticos armem uns contra os outros acontece em todo lugar, mas que narrativas sem pé nem cabeça sejam levadas à frente só é possível quando boa parte da população de um país está pouco acima dos macacos em termos de raciocínio.
Há um distinção entre prova ilegal e imprestável. Você invade a casa do Zé e encontra um bilhete escrito à mão em que ele confessa um crime; a grafologia prova que a letra é dele, mas a prova foi obtida ilegalmente. Você apresenta o mesmo texto impresso em computador e sem assinatura; a prova é imprestável, pois você pode tê-la criado.
Simples, não é? Os tais arquivos da Lava Jato eram assim, supostas cópias de originais que, ao menos no caso dos procuradores, nunca apareceram. O cara não deve ter criado tudo aquilo, mas pode ter alterado um ou mil trechos com a mesma facilidade com que se escreve num editor. Como prova, o que ele apresentou é imprestável.
Creio que ninguém teria coragem de dar credibilidade a algo parecido num país europeu. Mas os militantes que queriam anular a condenação do presidiário fizeram de conta que estava tudo bem. E eles sabiam que podiam fazer isso porque grande parte da população brasileira não consegue perceber o truque primário.
O nível é tão simiesco que os jornaleiristas dessa turma saíram vendendo a ideia de aquilo valia porque uma prova ilegal pode ser às vezes aceita para favorecer o réu. Só que o problema era ela ser imprestável, não ilegal. E aí você explicava essa diferença a quem acreditara nos malandros e o manipulado respondia que "prova ilegal..." Era como bater num muro de burrice orgulhosa, impenetrável a esclarecimentos.
E o que parecia que não podia piorar piorou. De acordo com reação dos jornaleiristas e manipulados ao seu depoimento de ontem, o hacker já nem precisa mais apresentar provas, o que ele disser se torna automaticamente verdade. Apesar de seu histórico como golpista e mitômano, ele alcançou um status que o mais honesto dos brasileiros não tem, tornou-se uma espécie de santo no culto pagão dos imbecis.
É um negócio espantoso. Os caras não têm nem a capacidade de se perguntar por que, caso quisesse realmente fazer tudo que lhe foi atribuído, Bolsonaro procuraria justamente o hacker que serviu ao PT, como se não houvesse outro no mundo. Reagem como macacos num experimento, basta apertar o botão.
Isso foi de manhã, enquanto o hacker dizia o que bem entendia. À tarde, conforme os deputados o apertavam e ele se via sem saída, os jornaleiristas que ainda tentam manter as aparências foram escapando de fininho e, sem o comando de alguns de seus mestres, o movimento da copa das árvores foi aos poucos diminuindo.
Por pouco tempo, pois, cumprindo sua missão de "agitar para parecer que existe algo", os jornaleiristas lançaram a tal delação do Cid, retornando ao caso das joias dadas de presente e devolvidas, de acordo com a lei, após o TCU assim determinar. Pronto, lá foram os macacos de novo. Hoje deve ser essa a sua diversão.
Também não acredito quando o hacker diz que uma só pessoa poderia falsificar o programa da eleição, mas o ponto é que, como conhecedor do assunto, ele sabe que os programadores podem fazer o que bem entenderem em seus códigos. O próprio diretor de TI do TSE reconhece que isso seria possível, só argumenta que não fez e não deixaria fazer.
Ainda haveria o problema das urnas usadas em testes (que poderia ser "resolvido" de várias maneiras) mas o fato é que, sem voto impresso, as eleições podem ser roubadas por quem programa as urnas. Só que não adianta contar isso aos macacos, pois eles respondem falando de outra coisa. Como no caso das provas, não conseguem ir além.
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