domingo, 13 de agosto de 2023

Efemérides

"Depois de muito ponderar, o sujeito inteligente acaba decidindo finalmente o que fazer. Mas aí é tarde, os idiotas irrefletidos já ocuparam todos os postos." As palavras podem ser outras, não lembro bem, mas o sentido é esse. E o humor é típico do autor da frase, Millôr Fernandes, que completaria um século hoje.

Bons tempos daquele pedacinho que eu peguei, em que ainda havia censura. Millôr estava do outro lado. Todos estavam, pareciam todos inteligentes, se chegavam a escrever em revistas e jornais é porque alguma capacidade deveriam ter. Mas alguma coisa aconteceu e os malandros irrefletidos ocuparam os postos.

Aquela censura era aberta e relativamente limitada, Stephen Kanitz fez as contas (aqui) e concluiu que os heroicos versos de Camões não ocuparam mais que 0,10% do conteúdo do Estadão no período. Hoje o jornalão defende a censura da internet, quer que alguém no governo defina o que é verdade ou não.

E como a qualidade baixou! Você dá uma passada nas redes e encontra dezenas de textos que dão um banho no dos colunistas da "grande imprensa". Estes parecem competir para ver quem mais se distancia da realidade, mas pode ser que estejam apenas lutando pela verba mais gorda. Talvez sejam só negócios, nada pessoal.

Sumiu?

Não bastassem os tradicionais, a Foice se esmera em garimpar talentos como o da moça dos telhados nazistas. Todo domingo a publicavam, mas hoje ela não está por lá. Imaginei que eles iriam dar um tempo para não passar recibo e chutá-la logo depois da estreia, pode ser isso.

Pode ser só a qualidade. Apesar de se considerar "escritora e intelectual" - a Valéria Guerra Reiter também - ela não apresentou nada que se diferenciasse de um comentário rápido nas redes. Com um artigo por semana dava para escolher bem o tema e refinar o texto várias vezes, mas o teto dela parece que era mesmo o telhado.

Mas é claro que eu estou supondo que ela teria tempo para se preocupar com isso. Talvez organizar eventos como Um Grande Dia para as Escritoras dê muito mais trabalho do que nós estamos pensando. E será que a Valéria estava nessa? Do jeito que a coisa anda, qualquer dia até ela aparece na Foice.

Dia dos Pais

Parabéns a todos e coisa e tal, mas eu não comemoro a data. Não tem nada dramático, tanto eu como os meninos curtíamos a coisa quando eles eram pequenos e faziam aqueles cartões de "você é o melhor pai do mundo". Mas depois fica meio sem sentido fazer um teatro numa data só por formalidade.

Pelo menos assim pareceu para todos nós. Dia das Mães é inescapável, mas o outro pode deixar para lá. E assim vivemos, felizes para sempre... até que surgiram as namoradas e o discurso do "seu pai fala que não se importa, mas ele se importa sim, onde já se viu?".

Não é por acaso que efeméride é um substantivo feminino. Mas o Millôr encaixaria isso numa frase muito melhor.



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