quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Bateu asas e voou

Não que faça grande diferença, mas a imprensa brasileira é mais tucana que petista. Mesmo com o petismo no governo central, os veículos tucanos tinham acesso a verbas federais. E seus jornalistas e familiares podiam armar esquemas com governos estaduais fortes como o de Minas e o do "feudo" de São Paulo.

Dava para dividir o bolo e todo mundo se dedicar a seus papéis no grande teatro sem preocupações. Até que um dia a leniência do tucanato com o petismo encheu o saco do seu eleitorado e Bolsonaro o levou.

Os tucanos e similares chegaram a pensar que ele era um fenômeno passageiro, que logo seria descartado pelo eleitor e talvez até renunciasse como Collor ou Jânio. Depois saíram em busca de um nome para enfrentá-lo, a tal terceira via que também seria antipetista. Mas não encontraram ninguém.

E então tiraram a máscara de vez. Reabilitaram o criminoso condenado, o único com popularidade suficiente para ser apresentado como vencedor de Bolsonaro numa eleição, e cerraram fileiras em torno dele. Até o Chuchu colocaram de vice, para vender sua volta à cena do crime como um exemplo de democracia.

A esperança era (de certo modo ainda é) que agora daria certo, com Bolsonaro derrotado seu eleitorado o abandonaria no dia seguinte e voltaria aos braços tucanos. Porém, mesmo com todo o esforço da imprensa e do TSE, a vantagem do presidiário foi mínima e o Capita saiu forte da eleição. O que os obrigou a continuar a atacá-lo.

No plano jurídico, temos aí os absurdos que não precisam ser repetidos. No jornalístico, a imprensa de que falamos no início faz o seu papel, acho que nunca se viu o noticiário de um país, mês após mês, esconder o governo que entrou para passar os dias tentando escandalizar questões secundárias de seu antecessor.

A pergunta é: Até quando?

Eles não têm um nome capaz de enfrentar um candidato "bolsonarista", seja este Michelle, Tarcísio, Malafaia ou outro. Encontrarão alguém? Acho que não. Manterão o Molusco blindado até a próxima eleição para repetir a dose? Creio que o plano original era logo descartá-lo, mas, mesmo que o mantenham mais uma, como será depois?

E os governos estaduais, como os reconquistarão? Fraudar totalmente a eleição é arriscado, como eles reconquistarão o eleitor que elegia os tucanos depois de terem se bandeado para o lado petista? Como sua imprensa voltará a ser respeitada por esse cidadão depois de passar anos ofendendo-o por ter votado em Bolsonaro?

Quem tinha que cair na fantasia do "Bolsonaro corrupto" é a minoria que já caiu. Quem acaba se desgastando com essa parcialidade e essa agressividade por conta de pequenas coisas é a própria imprensa tucana, cada vez mais desnuda e afastada de seu antigo público.

O eleitor que era tucano bateu asas e voou. Acredito que não volta mais. E acho que muitos jornalistas tucanos já chegaram à mesma conclusão e se convenceram que o negócio que lhes resta é cavar espaços entre os colegas petistas, mostrando-se ainda mais caninamente fiéis ao partido-quadrilha.

Isso explica, ao menos em parte, tantas conversões ocorridas nos últimos tempos, não só ao petismo, mas ao estilo 247 de "jornalismo". Jornalista pode trabalhar em casa e se aposentar velhinho. Tia Reinalda, Vilarejo, Canhotêde, Mestre Josias e tantos outros ainda querem ganhar mais algum na profissão.


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