Imagine. Tínhamos um governo petista e se descobre que, desde um ano antes de nossas últimas eleições, um país estrangeiro pressionou nossos militares, nosso judiciário e o próprio governo a aceitar o resultado da sua disputa contra um condenado beneficiado por um truque jurídico evidente a qualquer criança.
Se ele vencesse, é óbvio que aceitaria o resultado, não seria necessário pressão alguma. Então eles já sabiam que ele perderia? Sabiam quem sairia vencedor das urnas sem voto auditável? As inúmeras arbitrariedades cometidas contra o candidato petista e seus aliados foram resultado dessa interferência externa?
E o pior é que o país em questão é os Estados Unidos, o Grande Satã que quer nos dominar em conluio com uma elite nacional maldosa e corrupta. Teriam os americanos ficado bonzinhos e "atuado apenas para preservar nossa democracia", como disse uma jornalista da Folha para explicar que não houve "interferência estrangeira"?
Imagine! A própria Foice seria a primeira a berrar e os demais a seguiriam. Seus colunistas não falariam de outra coisa. Seus correspondentes internacionais estariam buscando novas informações. Até Joaquim de Carvalho estaria passando o chapéu no 247 para investigar o caso através da internet de um bom hotel em Nova York.
No entanto, o que se vê é o contrário. A notícia saiu num jornal americano e a nossa imprensa só a reproduziu a contragosto, para que não dissessem que não o fez. Se você precisar de um exemplo de "silêncio eloquente", dificilmente terá um melhor.
Invasão
Chato ter surgido esse caso dos americanos agora, quando, como disse cinicamente o Ex-tadão no editorial ontem comentado, está na hora - ou quase, ainda há o julgamento por crime de opinião do TSE - de deixar as arbitrariedades de lado para voltar a fingir que estamos em uma democracia pujante, sem censura e prisões ilegais.
Nesse esforço, eles têm até se referido à "invasão" de 8 de janeiro, não mais ao "golpe" das velhinhas com Bíblia na mão. Como se previa, passada a eleição, nossos jornalões voltariam a fazer cara de sério, diriam que não foi para isso que apoiaram o ex-presidiário e coisas do tipo.
Eles devem estar apostando que, mudando cedo, na próxima eleição presidencial ninguém lembrará mais do que fizeram e sua antiga influência junto ao público será recuperada. Mas há fatores que jogam contra eles.
Um destes é a internet, mesmo com mais restrições. O outro é a fraqueza interna, pois cada vez mais eles parecem feitos por quem, como a foicista, acredita que uma "atuação sobre" não implica numa "interferência". Creio que a tendência é que não influenciem ninguém além do gado que os lê acriticamente. Mas esse eles já têm.
Vaquinha
Outro tema evitado pelo gado petista e sua imprensa é o da vaquinha para Bolsonaro. No início eles ameaçaram o deboche de praxe. Mas ficaram quietinhos ao verificarem que qualquer tentativa de sufocar o Capitão em dívidas terá efeito contrário, salientando seu apoio junto à população.
Aliás, ele foi ao estádio lotado de novo esses dias. Continuamos aguardando o ex-presidiário ter coragem de sair às ruas para comparar a popularidade de cada um. A real, não aquela das urnas para americano interferir e inglês ver.
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