quinta-feira, 25 de maio de 2023

Salvem nossos índios



O título não contém nenhuma ironia, índios como os yanomamis, cujas terras foram invadidas por grupos de garimpeiros que não respeitam ninguém, vivem sob constante ameaça. Os invasores poluem rios com mercúrio ou dejetos humanos, matam os homens por qualquer coisa, violentam as mulheres e assim por diante.

E muitas vezes são os índios que os procuram. Alguns deles se tornaram alcoólatras e precisam sustentar o vício, jovens passam a pensar como os invasores e correm atrás de riquezas, as meninas vão para os povoados onde se prostituem. Mesmo em sua face mais bárbara, a civilização exerce uma atração que inviabiliza seu antigo modo de vida.

Mas isso eles já aceitaram tranquilamente, tanto que querem ter celular para se comunicar a partir das aldeias, assistência médica decente e até mesmo, em certos casos, alimentação fornecida pelo governo. A reclamação é que eles querem mais dessa parte boa, principalmente, no caso dos yanomamis, em termos de segurança.

E é possível atendê-los. É possível lhes dar posto de saúde e hospital, um grau de segurança superior ao de boa parte do país, pista de pouso para levar ou buscar o que for necessário e o que mais for necessário. Tudo isso perto dos indígenas. Mas desde que eles alterem mais um de seus velhos hábitos.

Ainda falando dos yanomamis, é impossível oferecer esse atendimento a 60 mil indivíduos que ficam perambulando de um lado para outro por uma área comparável à da Suíça. E já sem sentido prático, pois a justificativa é que faziam isso para buscar a comida que hoje, se lhes faltar, é o governo que enviará.

Em resumo, eles precisam se concentrar, ocupar um espaço menor, talvez uma série de aldeias ainda distantes umas das outras segundo nossos padrões, mas às quais uma ambulância ou uma força policial pode chegar em questão de horas. Se querem caminhar, que fiquem dando voltas em torno do seu território.

O contato com a civilização é irreversível e as mudanças culturais disso resultantes também. A questão da área que lhes deve ser dada faz parte desse conjunto, não pode ser isolada e tratada como uma constante imutável da equação. Como regra geral, os índios precisam de menos terras, não de mais.

Os que se apresentam como seus defensores e querem lhes dar mais da metade do país são os que na verdade os entregam às feras, pois eles não poderão ser protegidos nessas imensidões e, pouco a pouco, mais cedo ou mais tarde, acabarão sendo eliminados como indivíduos e como cultura.

Militantes bobões podem até pensar sinceramente que lhes dar mais terra protegerá nossos índios. Mas os que puxam os cordões desses marionetes só querem boicotar nosso agronegócio e nos tirar a possibilidade de explorar áreas repletas de riquezas minerais, talvez nos tirar as próprias áreas num futuro próximo.

Para estes, que estão lá no topo e não aparecem no palco, os índios que se explodam. Quem quiser protegê-los de verdade deve primeiro pensar em como fazer isso de modo viável, prático. E não é espalhando-os por imensidões ainda maiores que atingirão seu objetivo, muito pelo contrário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário