Como o proverbial relógio quebrado, Tia Reinalda tinha razão quando, ontem, ao comentar a liberação da bancada do seu partido e o apoio de petistas a votações contrárias à turma da Marina, disse que aquilo se tratava da "prática de se juntar ao inimigo para evitar uma derrota. Se é que me entendem..."
Os adultos já entenderam, provavelmente já passaram por isso numa empresa, numa câmara de vereadores, no condomínio ou em qualquer lugar equivalente. Mas, como o blog tem leitores em várias faixas etárias, eu vou deixar mais simples:
Quando você sabe que vai perder a votação, pode ser melhor votar com os adversários, seja para não parecer intransigente e angariar antipatias desnecessárias, seja para cobrar, mesmo que isto não seja explicitado, uma retribuição num futuro próximo.
É fácil, funciona até em nível doméstico: "Sim, querida, vamos passar essa tarde ensolarada de sábado no shopping, quem sabe você até não me ajuda a comprar um meião novo para eu jogar amanhã no sítio do Humberto."
Imagine então um juiz num colegiado. Mesmo que concorde com quem o indicou em tudo (o que não é garantido), ele não pode sempre defender o padrinho sob pena de ficar marcado e queimar de vez pontes que são ruins, mas necessárias. Aí surge aquela votação em que três dos cinco já fecharam questão... e ele fecha também.
No entanto, a criança (ao menos mental) de um MBL da vida não entende isso e diz que o sujeito é o "juiz do Bolsonaro" que deveria votar sempre como ela, criança, imagina. Não votou? Ah, então a culpa é do Bolsonaro, que não é um aliado do mesmo campo, mas um usurpador que deve ser derrubado para a verdadeira direita entrar.
Pessoas como o Deltan e o Moro também criticaram bastante Bolsonaro, faz parte. Mas não tiveram dúvidas em apoiá-lo na hora em que só ficou ele e o PT, direita contra esquerda, liberdade contra censura. Já o menino birrento do MBL pregou o voto lulo e na prática ajudou o petismo e a censura numa eleição decidida no photochart.
Pior ainda, na sua luta insana pelo que chama de "verdadeira direita", se aliou à verdadeira esquerda sem aspas, assinou documento de impeachment com os petistas, discursou na rua ao lado do deputado que apresentou o PL da Censura, fez tudo para que esta pudesse ser defendida e (toc, toc, toc) talvez implantada.
Pois agora o MBL (Meninos Birrentos do L) quer ir às ruas contra a censura e pede o apoio de quem tentou evitá-la na fonte, votando contra o PT!! Bom, quem sabe eles mudaram, vamos perguntar.
Vocês percebem que ajudaram a censura ao não votar contra o PT? Não, eles não veem o vínculo entre os eventos. Ok, vamos ao futuro: Se agora nós os apoiarmos, num novo segundo turno como o último vocês nos apoiarão em troca? Não, os outros é que devem seguir a criança mimada, nunca o contrário.
Assim fica difícil, meninos. Quem vai querer encher a bola de alguém que depois será adversário? Só vocês, jênius da política que dizem ser contrários ao PT e à sua censura, mas se deixarem ser usados pelo partido-quadrilha sem receber nada em troca (pelo menos os tontos militantes, os líderes malandros não se sabe).
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