quarta-feira, 24 de maio de 2023

Dividiram o Brasil

Vendo a divisão do país, Deus, em sua bondade, decidiu agradar a todos e dividiu a nação de vez. Um dia, todos os petistas acordaram de um lado, como se sempre tivessem vivido ali. E o mesmo aconteceu do outro lado com quem não gostava deles. Pode parecer difícil para nós, mas para quem já dividiu águas e céus foi moleza.

Escolher a área destinada a cada novo país foi fácil, nem preciso dizer. E os nomes também. O lado em que já gostavam do hino, da bandeira e da camiseta da Seleção continuou a se chamar Brasil. O outro, onde tudo isso era detestado, tornou-se a Lulândia, com bandeira vermelha e hino composto por Caetano Veloso para ser idealmente executado pelo Olodum.

Algum tempo depois...

Com leis que favoreciam a cervejinha dos meninos assaltantes, quase 90% dos bandidos do antigo país e menos de 10% de seus policiais, a segurança pública da Lulândia passou a ser comparada à do Haiti (com larga vantagem para a segunda). No Brasil, ao contrário, com leis adequadas, quase todos os policiais de antes e poucos bandidos, o crime baixou para padrões escandinavos.

Em termos de professores a divisão foi parelha, com uma leve vantagem para a Lulândia. Mas como praticamente todos os analfabetos tornaram-se lulandeses e suas escolas passaram a aplicar uma versão radical do método Paulo Freire, os demais é que desaprenderam o que sabiam. Já no Brasil, com uma base melhor e o abandono do ensino petista, a educação foi voltando ao que havia sido antes deles.

Uma das consequências disso é que muito mais gente passou a ler e escrever no Brasil, onde o direito à liberdade de expressão passou a ser defendido como um bem supremo pelo Supremo, que também se dividiu. Na Lulândia tudo era censurado, mas, além de ter preguiça de ler, seu povo gostava de ser conduzido como gado e achou foi pouco. "Me censurem, por favor", imploravam os lulandeses ao governo.

Economicamente, a diferença foi ainda maior. A turma do agro, de longe a maior produtora de riqueza do antigo país, continuou em peso no Brasil. E o mesmo aconteceu com cerca de 80% dos industriais, administradores, engenheiros, agrônomos, técnicos de nível médio e que tais. Entre os lulandeses, a "atividade econômica" preponderante passou a ser recebedor de bolsa do governo.

Com quase todo o PIB do antigo Brasil no novo e metade da população para cada lado, o que aconteceu com o PIB per capita? Ainda no primeiro ano, o do Brasil atingiu níveis de Primeiro Mundo. O da Lulândia despencou. Mas eles nem se preocuparam com isso porque, depois de um ano de matemática paulofreiriana, ninguém mais sabia se devia dividir o PIB do país pelo total de habitantes ou o contrário.

E a maior preocupação dos lulandeses era outra, a saúde, pois a deles passou a descer a ladeira depois que 85% dos médicos permaneceram no Brasil. A situação tornou-se tão grave que eles tentaram começar do zero importando médicos de Cuba, mas a ditadura da ilha-presídio preferiu enviar os que tinha para o Haiti, que pagava melhor.

Claro que a Lulândia levou vantagem em alguns setores. O que não faltava entre eles era jornalista, sociólogo e artista, pois a maioria destes foi para lá e passou a se dedicar ao que melhor fazia: falar fiado, passar pano para governo de esquerda e puxar seu saco. Em troca, todos eram regiamente sustentados com o dinheiro arrancado da população esfaimada.

Muito tempo depois...

No Brasil, a discussão do momento era a implantação da segunda colônia do país em Marte. Mas, do outro lado do muro de 15 metros e das cercas eletrificadas, a situação era muito diferente.

Como a sua metade do antigo país era sustentada pela outra, a divisão deixou a Lulândia com um déficit que seus governos desonestos e incompetentes só agravaram. Quem estudava não aprendia nada. Quem empreendia era tão explorado que acabava desistindo. Com todos querendo viver de auxílio oficial, este teve que ser reduzido. Como o clima era quente, o pessoal passou a gastar menos com roupas e habitação, aproveitando para viver perto dos rios onde podia pescar e coletar frutos silvestres. As cidades abandonadas foram sendo tomadas pelo mato...

No final, um cacique guerreiro assumiu a liderança dos yanomamis, invadiu a Lulândia e escravizou seus últimos habitantes. Mas ninguém o criticou. Ao contrário, a ONU lhe deu um prêmio por preservar a floresta e combater o aquecimento global. Foi naquele mesmo ano em que eles condenaram o Brasil por alterar a biodiversidade marciana.


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