domingo, 7 de maio de 2023

Na linha de frente

Um dos assuntos que Guilherme Baumhardt aborda na sua coluna de hoje no Correio do Povo está em linha com algo que vários de nós seguidamente comentamos. A diferença é que ele o conecta a outro traço, em geral muito criticado (até por quem o apoia), da performance de Bolsonaro como presidente.

Estratégia...

No início de 2020,escrevi o seguinte:

"Fica claro que Bolsonaro assumiu a função de 'limpa-trilhos' do governo. Quando há embate ideológico, é ele que vai para a linha de frente. Não está encastelado como FHC - que podia fazer isso graças ao triunfo do Plano Real. Não conta com uma oposição que abusa da polidez, como Lula contava. Não interessa a 'patente' de quem está batendo.

Pode ser um deputado de oposição ou parte da classe artística nacional. Quem responde na maioria das vezes é ele, Bolsonaro. É uma espécie de locomotiva, um navio quebra-gelo, o para-choque do Caveirão do BOPE."

... confirmada

Há um vídeo circulando nas redes sociais com um trecho de uma entrevista do atual governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, que confirma o que o colunista afirmou três anos atrás. O ex-ministro da Infraestrutura vai além:

"Ele sempre atribuiu o sucesso aos outros, à equipe. E com isso, ele formou lideranças. E aí faço uma provocação: quem o Lula formou nesses quarenta anos?"

Jair Bolsonaro não se elegeu em 2022, mas dez ministros ou ex-ministros lograram êxito nas eleições (Damares Alves, Marcos Pontes, Osmar Terra, Rogério Marinho, Sérgio Moro, Tereza Cristina são alguns). Outros bateram na trave como Onix Lorenzoni.

Voltamos

Pois é, assumir as broncas da equipe e, ao mesmo tempo, atribuir-lhe as vitórias, pode causar esse efeito. Por outro lado, esconder-se de tudo que possa causar polêmica e só aparecer para colher os louros causa o efeito contrário, anulando os vassalos que se submetem à soberba do chefe.

A antiga aposta pesada da esquerda no ex-presidiário, um picareta de sindicato que foi protegido de tudo e incensado como um messias operário, deu certo. Mas quando precisaram de alguém do seu campo para enfrentar Bolsonaro, agora em 2022, não havia ninguém. Tiveram que descondenar o meliante e colocá-lo no páreo.

Nós nunca vimos alguém com a capacidade de indicar candidatos e elegê-los de Bolsonaro. Só não digo que isso se deve tanto à sua performance na presidência porque já em 2018 estava cheio de gente que se elegeu por se grudar a seu nome, inclusive traíras como o Docinho e o deputado pornô.

Já havia algo mais antigo, que está realmente ligado à sua capacidade de bater de frente com os adversários. Mas é claro que manter essa linha durante a presidência ajudou. E valorizar a equipe também. Isso sempre ajuda.

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