Muito a contragosto, o ombudsman da Foice se viu obrigado a tocar no caso dos "telhados nazistas", inventado por uma ignorante que achou natural encontrá-los num estado em que quase 70% da população votou num "fascista" (do qual supõe-se que ela não gosta apesar de nascida em Curitiba, "sede do facismo" segundo Gigi).
Aí o cara deu uma reclamadinha e coisa e tal, mas, dentro do possível, tentou passar um pano na escolha consciente do jornal. Do fascismo, nada disse. Só contou que às vezes se queixam do modo como o estado de Santa Catarina é tratado por lá, mas isso também não justifica as mensagens de "ódio" que a mané-escritora recebeu.
Engraçado que o "ódio" é dos outros, nunca dos colunistas que escrevem horrores no jornal, do seu especialista em ciência que acreditava que a missão "do jornalismo" era botar a população contra o presidente Bolsonaro, e dele mesmo, ombudsman, para quem a Foice não deveria noticiar que o odiado é o maior nome da direita brasileira.
Mas por que eles deixaram a crônica tanto tempo no ar? Uma dica indireta é dada pelo próprio ombudsman, que critica os outros (sempre eles) por não se limitarem a esclarecer o pequeno engano, preferindo, ao contrário, utilizar o episódio para atiçar os ânimos e ganhar acessos nas redes sociais.
"Acessos." O artigo sobre os telhados do mal foi campeão em reclamações e, pode-se deduzir, um dos mais lidos dos últimos tempos. Com o total de assinantes caindo sem parar, resta a essa gente apresentar o total de acessos a seu site para fingir que continuam mantendo a importância e a influência do passado.
Isso provavelmente também explica por que é tão fácil burlar as barreiras que deveriam impedir quem não é assinante de ler suas matérias. A dúvida é se eles sabem que muitos desses leitores são como nós, que só acessamos aquilo para criticar, ou acreditam que se trata de um público ansioso para se informar por lá.
A culpa não é dele
Todos lembram como a imprensa tradicional tratou o desmatamento no início do governo Bolsonaro e o tema dos yanomamis no seu final. Como as duas coisas pioraram bastante de lá para cá, um crítico verdadeiramente preocupado com elas deveria gritar ainda mais forte, não calar-se como a desonesta Foice agora faz.
Quer dizer, não totalmente. Hoje, escrevendo por lá, um representante da Greenpeace Brasil alerta que a situação dos índios é cada vez mais dramática e pede providências imediatas. Pede para Lule? Não, não, o presidente bonzinho já mandou resolverem o caso. O cara quer saber é por que não o estão obedecendo.
Use amarelo
Mas o tucanopetismo tem coisa pior. Tem gente que ajudou o partido que sempre apoiou a censura a chegar ao poder e festejou quando muitas pessoas foram censuradas, mas, agora, repentinamente, sem ter nem mesmo pedido desculpas falsas como as do ombudsman, quer sair às ruas contra a censura.
Ou seja, quem apoiou a sacanagem, agora quer assumir a bandeira de quem é contra ela. Isso me lembrou aquela ocasião em que seus coleguinhas da Foice constataram que a direita saía as ruas de amarelo e tiveram a brilhante ideia de convocar os tucanopetistas a saírem com a mesma cor. O sucesso deve ser igual.
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